Superporto do Açu

Uma das maiores obras de infraestrutura logística do Brasil está em andamento no norte do estado do Rio de Janeiro. Trata-se do Superporto do Açu, que por suas dimensões e ambições faz jus ao nome de “superporto”. Resultado de um mega projeto do bilionário empresário Eike Batista e sua empresa de logística, o Superporto do Açu, localizado na pacata São João da Barra, contará com dez berços de atracação, sendo quatro para minério de ferro, dois para movimentação de petróleo, um para carvão e três para produtos siderúrgicos. Moderno, contará com uma profundidade de 18,5 metros (com planejamento para 21m em uma segunda fase), o superporto terá uma ponte de 2,9 km de extensão e permitirá a atracação de navios capesize (os maiores do mundo para transporte de carga geral) com capacidade de até 220.000 toneladas. Numa área de mais de 90 quilômetros quadrados, o porto teve sua construção iniciada em 2007 e deverá atrair diversas indústrias e empresas para seu entorno quando entrar em funcionamento, previsto para 2012. [epico_capture_sc id=”21731″] Além de indústrias tais como siderúrgicas, termoelétrica, cimenteiras, pólo metalmecânico, usinas de pelotização de minério, unidade de tratamento de petróleo, o Superporto do Açu contará com empresas especializadas para agilizar todo o processo envolvido: expedição, integração intermodal, armazenagem e desembaraço aduaneiro. Os investimentos em infraestrutura vão além do porto, garantindo vias de acesso rodoviário e ferroviário com a cidade de Campos. Trata-se da tão falada integração intermodal, que facilita e barateia os custos de operação para todos os envolvidos. Para a cidade de São João da Barra, as mudanças serão significativas. Estima-se que em 15 anos a cidade saia dos atuais 30 mil habitantes para 250 mil. Para aproveitar as oportunidades que já estão surgindo na região, os moradores investem em educação, apostando no sucesso do empreendimento. Apenas em empregos diretos estima-se que serão 50 mil vagas. Para a região, espera-se investimentos gerais da ordem de 36 bilhões de dólares. Quem aguardar alguns anos poderá confirmar se este porto será mesmo um superporto e se tornará o maior do Brasil, deixando o Porto de Santos com o segundo lugar.

Nos braços do Açu

exportar

Os portos brasileiros são responsáveis pela movimentação de 77% do nosso comércio exterior, mas somos lanterninha em qualidade portuária, ocupando a 123ª posição, num ranking de 134 países. O aparelhamento político e má gestão pública da Companhia Docas, cujos resultados financeiros deficitários estão presentes em todos os portos sob sua autoridade, tornaram-se barreiras intransponíveis para o crescimento das exportações e importações. Além disso, relações exteriores ideológicas, política de comércio internacional equivocada, leis portuárias ultrapassadas, sistema ignóbil de oferta de mão-de-obra, logística incompleta, infra-estrutura sucateada, máquinas e equipamentos sem tecnologia adequada remetem o Brasil à participação de apenas 1%, no comércio global. É preciso modernizar e ampliar os portos públicos existentes; implantar outros, a partir de estudos técnicos focados nas potencialidades econômicas regionais; investir em infraestrutura, máquinas, equipamentos, tecnologias e inteligência; integrar todos os modais de transportes aos portos e à sua região de influência; e profissionalizar a mão-de-obra e gestão portuária. O Porto de Vitória está limitado há mais de 10 anos e isto é irreversível. Sua largura e calado só permitem a movimentação de navios pequenos, resultando em aumento de custos e evasão de cargas. Não oferece acessos para o porto, retroárea para armazenagem, acumula déficits milionários e os investimentos são ínfimos. O seu perfil é para turismo, cabotagem, bases de apoio às atividades petrolíferas e indústrias limpas. Todas essas atividades têm alto valor agregado, recolhem grandes somas de impostos para os cofres públicos e geram mais emprego e renda. [epico_capture_sc id=”21731″] Precisamos aumentar a oferta de serviços para contêineres e cargas gerais. Mas, implantar um porto público de águas profundas, no entorno dos portos de Praia Mole e Tubarão, maiores do mundo em sua especialidade, significa impedir a expansão deles. Além disso, essa proposta apresenta outros grandes equívocos: mantém o atual modelo de gestão portuária, comandado por partidos políticos, ao invés de um que seja privado e dirigido por executivos; e os impactos na região metropolitana, cuja mobilidade já é caótica, serão catastróficos. Urge, entretanto, transferir algumas das atividades do porto de Vitória, cujo apagão é iminente, para fora da região metropolitana, interiorizando a economia, promovendo o crescimento sustentado da atividade portuária, desafogando o trânsito da região, protegendo o meio ambiente e melhorando a qualidade de vida das pessoas. A logística e infra-estrutura de Barra do Riacho são ideais para sediar esse novo porto. Porém, a expansão de Portocel, construção de um estaleiro e de outros terminais especializados podem dificultar a sua inclusão. Duas grandes siderúrgicas – CSU e Ferrous -, que pretendem se implantar no sul capixaba, prevêem a construção de portos de águas profundas. As cargas de terceiros podem ser inseridas dentro deste contexto, se houver articulação profissional. Já está provado que nossos políticos não têm essa capacidade, uma vez que o Espírito Santo não convence o governo federal a implantar ou finalizar grandes obras, aqui. Daí, se a iniciativa privada não se mobilizar e apresentar uma solução, rapidamente, corre o risco de ficar sem saída e obrigada a cair nos braços do porto do Açu, no norte fluminense.