O mundo exportava US$ 62 bilhões, em 1950. Em 2000, passou para US$ 6,456 trilhões; e no ano passado, esse resultado pode ter chegado a US$ 16 trilhões.
Os 10 maiores exportadores mundiais foram a China, com 11,75% do total de mercadorias exportadas; EUA, com 9,69%; Alemanha, 9,13%; Japão, 4,69%; Holanda, 3,87%; França, 3,56%; Coréia do Sul, 3,46%; Itália, 2,87%; Bélgica, 2,69%; e Reino Unido, 2,63%. Nesse contexto, o Brasil ocupa a 21ª posição no ranking dos maiores exportadores globais, com um índice de 1,6%.
Os países exportadores que mais ampliaram suas vendas, com percentual superior aos 136% de crescimento médio das exportações mundiais, no período 2000-2010, foram: China (534%); Índia (424%); Rússia (277%); Brasil (267%); Arábia Saudita (225%); África do Sul (173%); Coréia do Sul (171%); e Holanda (145%). Observar que o melhor desempenho ficou entre os integrantes do BRICS.
Os países desenvolvidos que expandiram suas exportações, com percentual inferior à média, foram: Canadá (40%); Reino Unido (42%); França (58%); Japão (61%); EUA (63%); e Itália (87%).
Os 10 maiores importadores mundiais foram os EUA, com 13,5% do total de mercadorias importadas; China com 10,55%; Alemanha, 7,91%; Japão, 4,78%; França, 3,86%; Reino Unido, 3,56%; Holanda, 3,50%; Itália, 3,07%; Hong Kong, 3,25%; e Coréia do Sul, 3,19%. O Brasil ocupa a 19ª posição no ranking dos maiores importadores globais, com um índice de 1,39%.
Os países importadores que mais ampliaram suas compras, com percentual superior à média de crescimento das importações mundiais (129%), entre 2000-2010, foram: Índia (533%); China (520%); Rússia (451%); Emirados Árabes (400%); Arábia Saudita (240%); Brasil (223%); África do Sul (213%); Coréia do Sul (166%); e Holanda (161%), com destaque, uma vez mais, para os integrantes do BRICS, especialmente Índia, China e Rússia.
Os países desenvolvidos não acompanharam o ritmo de crescimento médio de expansão das importações, nesse período, e tiveram a seguinte performance: EUA, 56%; Reino Unido, 60%; Canadá, 64%; França, 78%; Japão, 82%; Espanha, 100%; Itália, 102%; Alemanha, 114%; e Bélgica, 119%.
O comércio exterior brasileiro vem obtendo excelente desempenho, na última década. As exportações têm se destacado em função do ciclo virtuoso das commodities, que tiveram elevação dos preços e aumento das quantidades, fruto da expansão da demanda, na maioria das economias mundiais, no período entre 2000-2010. E as importações estão em ascensão, como conseqüência direta da contínua e forte valorização do Real e desindustrialização brasileira decorrente, principalmente, do nefasto custo Brasil. O País possui 19.194 empresas exportadoras e 42.327 empresas importadoras.
As exportações brasileiras atingiram o valor de US$ 256,041 bilhões e os principais destinos das nossas vendas foram a China (17,3%); EUA (10,1%); Argentina (8,9%); Holanda (5,3%); Japão (3,7%); Alemanha (3,5%); Itália (2,1%); Chile (2,1%); Reino Unido (2,%); e Coréia Sul (1,8%), sendo que 06 produtos básicos, da pauta brasileira, somaram 47% do valor exportado pelo País: minério de ferro, petróleo bruto, complexo de soja, carne, açúcar e café.
A dependência de fatores externos, do comércio exterior brasileiro, está relacionada ao fato de que 71,01% do valor das nossas exportações são compostas por matérias primas. E o Brasil não detém qualquer controle sobre essas mercadorias (nem sobre as cotações internacionais, nem sobre as quantidades exportadas): quem define isso é o humor dos mercados.
Tamanha dependência é algo preocupante, sobretudo no momento em que a China, maior comprador de commodities do Brasil, reduz sua perspectiva de crescimento (o que significa que reduzirá também sua demanda por esses produtos); os EUA têm lenta retomada econômica; e a crise na Zona do Euro sofre seu maior aprofundamento. Então, tudo indica que haverá queda nas cotações dessas mercadorias, em 2012, reduzindo o montante das exportações.
Quando o País exporta matérias primas, automaticamente também exporta empregos, uma vez que o beneficiamento delas será feito no destino gerando, então, postos de trabalho no exterior. Assim, tão importante quanto o incremento das exportações, é a transformação dos produtos básicos em produtos com valor agregado, ou seja, manufaturados.
O principal mercado para os nossos produtos manufaturados – que representam 28,17% do valor total exportado -, é a América do Sul. A Bolívia é o nosso maior comprador (95,6%), seguido pelo Paraguai, Argentina, Uruguai, Colômbia, México e Peru. A China ocupa a “liderança negativa”, com irrisórios 4,6% de participação, seguido pela Rússia, Egito, Coréia do Sul e Japão.
Mas, o País deixou de vender US$ 5,5 bilhões com a perda de espaço neste seu principal mercado, somente no ano passado. O montante equivale a 11% de tudo que o Brasil vendeu à região, e a perda de competitividade da indústria brasileira é a maior responsável pelo mau desempenho. Com isso, a pauta de comércio de manufaturados, do Brasil com o mundo, que tinha um superávit da ordem de US$ 10 bilhões, em 2005, fechou 2011 com um déficit de US$ 92 bilhões.
As importações brasileiras atingiram a cifra de US$ 226,251 bilhões. As principais origens dos produtos importados pelo Brasil são EUA (15,01%); China (14,49%); Argentina (7,47%); Alemanha (6,72%); Coréia Sul (4,46%); Nigéria (3,71%); Japão (3,48%); Itália (2,75%); Índia (2,69%); e França (2,41%). Os principais produtos comprados por nós foram combustíveis e lubrificantes; equipamentos mecânicos, elétricos e eletrônicos; automóveis e peças; e produtos químicos orgânicos e inorgânicos.
Observar que a maioria dos países desenvolvidos reduziu sua participação nas nossas importações, perdendo espaço para os países emergentes, com destaque absoluto para a China, além da Coréia do Sul e Índia.
O percentual de produtos manufaturados, na pauta de importação brasileira, é de 82%. Isso configura um aspecto negativo, pois equivale à geração de desemprego no Brasil, pela redução da produção da indústria nacional, em contrapartida à criação de empregos no exterior.
Há uma tendência de crescimento das importações, que deverá permanecer enquanto perdurarem as condições internas favoráveis, representadas pelo Real valorizado, ampliação da demanda doméstica, expansão do crédito interno, manutenção de elevado nível de emprego, aumento real de salários e inflação em níveis civilizados. Mas, com a estimativa de aumento das importações, o saldo da balança comercial, não deverá passar de meros US$ 3 bilhões, em 2012, contra US$ 29,790 bilhões do ano passado.
Mesmo se destacando no comércio internacional, o Brasil enfrenta muitos desafios que impedem um desempenho ainda melhor. O comércio internacional brasileiro, por exemplo, depende fundamentalmente dos portos, sendo a via marítima o principal meio de transporte das exportações (96% do volume total) e importações (88,72%). No entanto, o sistema portuário nacional exibe sucateamento da infra-estrutura, atraso tecnológico e ineficiência operacional, em relação aos outros países do mundo, especialmente em relação a outros países em desenvolvimento como Coréia do Sul, México e Argentina.
[epico_capture_sc id=”21329″]Isso acontece, especialmente, porque o modelo de administração dos portos brasileiros ainda segue a linha das companhias estatais e sua ineficiência tem levado a grandes gargalos no comércio exterior, além de perdas à economia e ao desempenho das empresas. Daí a exigência de o Brasil investir para dispor de excelente infra-estrutura portuária, principal e única via de acesso, ao mercado internacional, para a maioria dos produtos transacionados.
Faz-se necessário, também, criar uma política de incentivos para a cadeia logística do comércio exterior, porque ela apresenta gargalos que precisam ser solucionados, imediatamente. Para tanto, o Brasil precisa atrair uma rede de suprimentos para a indústria nacional, poupando-a da dependência externa; produzir com técnicas modernas, agregando valor e gerando empregos locais; criar armazenagem específica para produtos, especialmente para os perecíveis; treinar e qualificar mão-de-obra; construir, maximizar e integrar os meios de transportes; e desenvolver estudos e pesquisas no campo da ciência e tecnologia.
A escorchante carga de impostos deveria estar no centro das atenções do Governo Federal, porque ela é abusiva e compromete de forma inaceitável a performance da nossa indústria. Urge aprovar, no Congresso Nacional, uma ampla reforma tributária, para simplificar a arrecadação e reduzir o valor dos impostos sobre a produção.
Para tornar a indústria brasileira competitiva é preciso, também, perseguir uma política cambial onde o dólar atinja um patamar equilibrado para exportações e importações e reduzir drasticamente a taxa de juros, visto que são peças chaves de uma economia capitalista e todas as decisões de consumo e investimento são afetadas por elas; aplicar a meritocracia nas instituições; minimizar a burocracia imposta pelo excesso de leis; tornar exeqüíveis as reformas estruturantes, pois sem elas, o Brasil jamais avançará; e punir sumariamente a corrupção, o maior dos males.
Nos Estados, é necessário buscar alternativas para as perdas de recursos e dívidas; profissionalizar as empresas, com planejamento, inovação e criatividade; e incentivar a formação de administradores municipais, como especialistas das potencialidades de seus municípios, capazes de desenvolver novos negócios potencialmente competitivos no comércio mundial.
O benefício dessas ações será a imediata redução do custo da produção brasileira. Conseqüentemente, haverá incremento da qualidade da indústria, aumento da sua competitividade e expansão da geração de empregos, mantendo o Brasil, de forma sustentável, no contexto do comércio internacional.
* As informações para ilustrar o presente texto foram pesquisadas em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Associação do Comércio Exterior (AEB).
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