Há muito anos vimos advogando, sem descanso, o fim do Mercosul. Ou, pelo menos, uma mudança estratégica para algo menor. Apenas uma zona de livre comércio. Isso seria o ideal para o Mercosul. Ou seja, ”começar pelo começo”. E só então implementar um avanço. Primeiro uma área de preferências tarifárias ou área de livre comércio. Depois, com o passar do tempo, com o amadurecimento, uma união aduaneira. Ao invés de ter começado com esta configuração.
Conclusão, não somos uma área de livre comércio, nem tampouco uma união aduaneira. Não somos a primeira, pois não podemos realizar, livremente, acordos comerciais com outros países. Não somos a segunda, pois todos os países membros têm uma grande lista de exceção cada, que a impede de ser total. E a lista muda com constância. O que foi isso que criamos, ainda está por ser classificado.
Certamente, e isso sabemos todos, é um “atrapalho” na vida do país. Aliás, de todos eles. O Brasil é dos países – aqueles que contam – com menor quantidade de acordos comerciais no mundo. Já citamos em outros artigos, que só temos acordos na Aladi e no âmbito da Aladi. E, fora deles, apenas com Israel e Índia, insignificantes.
As razões são que o bloco não permite acordos individuais, mas apenas em conjunto. Antes, 4 + 1. Agora, com a famigerada Venezuela, 5 + 1. Não há quem consiga fazer acordos e avançar dessa maneira. A outra razão é que fica claro para todos, e isso não é de hoje, que o país não gosta de acordos. Não os vê como importantes. Se os visse, os faria. Em sua cegueira, não conseguiu perceber ainda que todos os países avançam com acordos comerciais. Vide China, México, Chile, EUA, UE, apenas para ficar em alguns. Há mais de 300 acordos comerciais no mundo, e temos apenas alguns deles.
Jogamos fora, após mais de uma década de negociações, o maior e mais importante deles, a ALCA. Por que este atual governo os detesta. Gosta de atrasos como Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia. E não de desenvolvimento, como deveria ser o caso.
Enquanto isso, o mundo avança. O acordo em gestação, entre EUA e UE será o maior do mundo. Representando quase 50% da economia mundial.
E, também, enquanto isso, a Aliança do Pacífico está ai para mostrar como se faz acordos, e por que. Composta por México, Chile, Colômbia e Peru, bloco com pouco menos do que a população e o PIB – produto interno bruto do Mercosul. E que será, em breve, e nem precisa ser mágico, adivinho, pitonisa, Nostradamus para dizer isso, maior e mais importante que o Mercosul. Já que são países que vêm crescendo bem mais do que nosso bloco, e bem mais que nós, país metade da América do Sul.
E que tem países europeus como observadores. O que Mercosul não tem. E incentivado pelos EUA. E que tem, muito importante se frisar, Uruguai e Paraguai como observadores também. Não que estes dois países sejam muito importantes do ponto de vista econômico. Isso não, são pequenos, com economia residual no Mercosul e na América latina.
[epico_capture_sc id=”21329″]A importância do Uruguai e Paraguai como observadores é sua visão de bloco comercial. Sua visão de futuro, de crescimento. Só pelo fato de desejarem, e estarem pensando em abandonar o Mercosul, já os torna importantes. E com toda razão. O bloco, para seus dois grandes parceiros, que não conseguem se entender e não sabem para o que serve um acordo comercial, o Mercosul é apenas eles. Ninguém mais.
Caso fosse diferente, eles não estariam querendo abandonar o barco. E eles têm todo o nosso apoio, embora não precisem dele e nossa opinião nada signifique. Depois, o que foi feito com o Paraguai, para a inclusão da Venezuela, criticada por nós em artigo no passado, torna inexplicável este país não ter abandonado ainda o bloco. Bloco que não cumpre sequer seus princípios, de admissão apenas de países democráticos.
Bem-Vinda a Aliança do Pacífico. Que tenha vida longa e frutífera. Desejos desnecessários, pois é formada por países maduros, que sabem o que querem e, em especial, conhecem a importância dos acordos comerciais e do desenvolvimento. São países que querem chegar lá. E o mais breve possível.
E esperamos que Uruguai e Paraguai não tardem a entrar nele e ganhem uma chance maior de desenvolvimento. E que os três sócios remanescentes, depois disso, comecem a enxergar.
Muito boa matéria, penso da mesma forma e sei que estamos com o barco contra o vento.