Temos batido muitas vezes, ao longo dos anos, na tecla dos consórcios de exportação. Para ver se o país acorda. E dizendo que esta é uma excelente forma de colocarmos as pequenas e micros empresas no comércio exterior. E o país precisa muito aumentar sua exportação, saindo da humilhante posição de apenas 20º. exportador mundial. Estando entre as primeiras economias do mundo, pelo menos em termos absolutos, o que temos hoje não é coerente.
Em especial neste momento, em que o mundo começa a sair da monumental crise em que se encalacrou em 2008/2009. E, diga-se de passagem, voluntariamente e por absoluta irresponsabilidade. Em especial pelo irreal mundo financeiro, que sempre pensa que pode tudo. Vai ver pode mesmo, já que recebeu trilhões de dólares de ajuda dos governos para não quebrar. E agora, com tudo se ajustando, é provável que logo volte à irresponsabilidade. É assim que costuma funcionar, infelizmente.
Mas todos temos consciência de que o consórcio não é a única saída para que as pequenas e micro empresas aumentem sua participação de cerca de 2-3% nas nossas exportações. As Trading Companies, empresas comerciais, importadoras e/ou exportadoras, são uma opção tão boa ou até melhor para as nossas exportações.
Não estamos mudando de conversa quanto aos consórcios, que defendemos sempre e consideramos nosso xodó. Até porque trabalhamos no melhor deles, a UNEF – União dos Exportadores de Frango, e transformamos o país no maior exportador mundial de penosas em 1980, permanecendo assim hoje.
Estamos apenas aceitando o que todos sabem ou imaginam. Que juntar várias empresas, de culturas e costumes diferentes, sob um mesmo guarda-chuva é muito complicado. Culturas diferentes, rivalidades quase eternas, não se eliminam da noite para o dia. Isso quando se consegue. É preciso muito trabalho e entendimento do que se terá lá na frente. O que não é fácil se obter. É só ver quantos consórcios foram criados, sob o manto protetor do governo, e que não funcionaram. Bem verdade que talvez tenham usado fórmulas inadequadas. Nós usamos a correta, e ela nunca foi copiada. Pior para o país.
Por isso é que repetimos sempre, que esse é um país no mínimo estranho. O que deu certo não é usado. Reinventar a roda é preciso, é nosso lema mais comum. Vide isso também nos juros, carga tributária, política econômica, etc. etc., em que estamos sempre em confronto com a realidade e o mundo.
A comercial exportadora tem uma vantagem ímpar com relação aos consórcios, por exemplo, na exportação. Ela não precisa juntar as empresas. Nem fazê-las conviver. Nem se ver. Ela, simplesmente, compra a mercadoria do produtor e a exporta. Para o produtor, que será um exportador indireto, portanto um parceiro vital, principalmente se pequeno, é um bom negócio. Ele será equiparado a um exportador, tendo todos os seus benefícios.
Esse produtor não terá que criar uma estrutura para isso. Nem terá que conhecer idiomas estrangeiros. Nem suas normas legais, nem seus costumes, etc. É claro que se conhecer será melhor. Mas, no caso de ser apenas produtor, isso é dispensável nesse momento. O que vai importar é que a sua produção siga o que o mercado quer e o que o importador encomendou. Ele somente terá que atender a comercial exportadora. Será apenas um operador de produção. Na importação o inverso, sem conhecimento no e do exterior, tendo alguém para fazer para si.
Durante muitos anos notamos que o Brasil não deu muita importância para ela. Em especial o governo, que parecia ignorar e não entender o papel dessa importante empresa. Sem o apoio necessário, sem as Trading Companies e sem os consórcios, o resultado é o conhecido. Talvez uns 2-3% da exportação brasileira seja feito por pequenas e micro empresas. Um vexame, sem dúvida. E num país que tem, segundo se sabe, mais de seis milhões de empresas. E em que apenas cerca de 18.000 delas exportam. E menos de 1.000 delas fazem 90% da exportação do país.
[epico_capture_sc id=”21329″]Assim, é alvissareiro notar que essas empresas passam a ser olhadas com outros olhos a partir de agora. Que elas, finalmente, poderão cumprir o seu destino e ajudar o país.
As pequenas e médias Trading Companies têm hoje sua representação através do CECIEX – Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras, sediada dentro da ACSP – Associação Comercial de São Paulo.
Que, por sinal, há poucos dias, realizou seu 5º. evento anual, com muito sucesso. Estão de Parabéns a ACSP, o CECIEX, a Apex e as Trading Companies.
Aceite o governo ou não, o que parece fazê-lo agora, a Trading Company é a empresa ideal para colocar os pequenos no comércio exterior. Para dar-lhes uma oportunidade de crescimento, de ampliação de seu mercado, de sua colocação no exterior.
Mas, claro, o governo terá que fazer um esforço para entender o que é esta empresa, e não continuar considerando-a como um agente, um distribuidor ou operador logístico, considerando-a com CNAE errado. Ela é uma empresa que faz, de fato, comércio exterior e precisa de um CNAE só seu, e não um emprestado, e mal emprestado.
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