Os problemas com a logística representam sérios entraves ao desenvolvimento e afetam seriamente economia do país. De acordo com um estudo do Instituto Logística e Supply Chain (Ilos), em 2012 os custos logísticos no Brasil ultrapassaram os 11,5% do PIB. Outro dado que merece ser friamente analisado foi apresentado pela Associação Brasileira do Agronegócio que cita que os problemas de logística e de infraestrutura geram perdas de 15% sobre o Valor Bruto de Produção (VBP), atualmente estimados em R$ 25 bilhões. Se faz a cada ano mais evidente os esforços para deslocamento e posterior exportação da produção brasileira. Os entraves, sensivelmente visíveis no país, também são compartilhados pelos nossos vizinhos na América do Sul em maior ou menor escala.
Para discutirmos melhor esse tema, a coluna Logística Portuária desta semana conversou com consultor do conselho argentino de relações internacionais e expert em comércio internacional, Raul Ochoa. Segundo ele, a situação logística atual é reflexo da ausência de políticas públicas ao longo dos anos. “Enquanto se continua com o transporte rodoviário, se esquece as tendências internacionais como ferroviário e hidroviário. Essa última modalidade é a mais barata e não gera os mesmos problemas ambientais que o rodoviário. Um rebocador é capaz de levar 40 a 50 barcaças, além de necessitar de pouca mão de obra e combustível”, frisa.
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Ochoa considera a logística um tema desafiante para os países do Mercosul. “Essa situação impacta no comércio exterior. Atualmente se discute uma ligação com o Oceano Pacífico. Essa iniciativa não é só de interesse de argentinos e chilenos como também de brasileiros”. Ochoa relata a existência de dois projetos em curso que estão em discussão: um corredor bioceânico- um ferroviário e outro rodoviário. O primeiro, da Corporação América Grupo Erneukian, integrado pela chilena Navieras, a italiana Geodata e a argentina Contreras Hermanos; o segundo projeto, que também liga a parte atlântica com a parte pacífica, envolve a criação de um túnel conectando ao porto de La Serena, no Chile. Esses projetos são de interesse do setor agroindustrial brasileiro, pois encurtaria as distâncias para o escoamento da produção para a China impactando na diminuição do tempo de viagem.
Entretanto Ochoa faz ressalvas. “A questão logística deveria ser avaliada com maior prioridade entre Brasil e Argentina. Há problemas compartilhados por ambos países que merecem ser discutidos em conjunto. A logística tende a ser um grande desafio para os países da América do Sul, sobretudo porque há clara perda de competitividade na produção local”, assinala.
[…] LOGÍSTICA: QUESTÃO DE PRIORIDADE NACIONAL – 08-14 […]