Estatísticas da Secretaria Especial dos Portos (SEP) permitem prever que, em quinze anos, o Porto de Santos terá triplicado o volume de contêineres movimentados, saindo dos atuais 3 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) para 9 milhões. Diante disso, uma pergunta se impõe: como fazer para transportar tamanha quantidade de carga?
Como se sabe, hoje, 97% dos contêineres destinados ao Porto de Santos chegam aos terminais em cima de caminhões e carretas. E, mesmo que, em década e meia, todos os planos de ampliação dos acessos viários ao cais santista sejam concluídos, não há como imaginar a possibilidade de o Porto com o atual modelo vir a suportar tamanha pressão.
É provável que, até 2027, portos como Itajaí, Paranaguá, Rio Grande e outros atraiam boa parte dos contêineres que, em condições normais, seriam destinados a Santos, mas a verdade é que o grupo de trabalho criado pela SEP ao final de 2011 para estudar a criação de um corredor logístico para o porto santista já começou tarde suas atividades. A cada dia o que se constata são sinais de saturação nos acessos ao complexo portuário.
Com base no que já se faz largamente na Europa, os técnicos integrantes daquele grupo de trabalho vêm estudando basicamente a possibilidade de se transportar contêineres por barcaças pelos rios da região, com a instalação de uma zona de apoio logístico. Com isso, haveria um desafogo não só nas vias de acesso rodoviário como nos terminais marítimos. Além disso, o grupo procura encontrar alternativas para estimular o transporte de contêineres por ferrovia, modal que é utilizado em larga escala por cargas granelizadas, ou seja, mais de 40% da produção agrícola.
É preciso levar em conta que, em menos de três anos, a Brasil Terminal Portuário (BTP) e a Embraport colocarão em funcionamento seus terminais na Alemoa e na área continental de Santos, respectivamente, o que já representará a duplicação da atual capacidade do porto para receber contêineres. Isso significa que a previsão da SEP pode se tornar realidade bem antes do que se espera.
Tudo isso preocupa os setores ligados ao comércio exterior porque o Brasil vem investindo apenas 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em sua infraestrutura, o que se tem mostrado insuficiente diante das necessidades do País e sua inserção num mercado competitivo em que os seus principais concorrentes dispõem de melhor posição logística. O que se vê hoje é o governo empenhado em cumprir os compromissos assumidos com a realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e a Olimpíada em 2016. Nada a opor, mas a questão será o dia seguinte.
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