Economia Capixaba: Perdas e Danos
Incentivos fiscais ou financeiros, fundos de participação e royalties são recursos com os quais o Estado do Espírito Santo conta para se manter. Já perdeu um e está prestes a ter cortes substanciais nos outros. O Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap) é um incentivo financeiro inédito, que visa incrementar as operações de comércio exterior – através do sistema portuário capixaba -, para as empresas sediadas no Espírito Santo e tributadas com o ICMS local. Está certo que incentivo é um benefício concedido para estimular um setor econômico, por determinado período de tempo. No caso do Fundap, o Estado teve 40 anos para usufruí-lo, reverter a situação que exigiu a sua implementação e os avanços são incontestáveis. Qual o impacto para a economia do Espírito Santo? O impacto da sua perda, sobre a economia capixaba, será muito grande e está avaliado em mais de R$ 1 bilhão por ano. Ainda assim, o Governo Federal agiu com absoluto descaso e truculência em um debate com tema muito importante para o Estado recusando-se, inclusive, a lhe conceder um prazo de transição. Mas, as importações não vão acabar. Creio que com essa polêmica toda e o enorme custo para se produzir no Brasil, a tendência é que aumentem. Além disso, nossas importações são as exportações de outros países, que vão continuar vendendo seus produtos para o mercado brasileiro. A princípio, algumas operações vão migrar para outros Estados, especialmente para o principal destino das mercadorias, que é São Paulo. Como todos os portos públicos brasileiros já estão operando no limite e a maioria sofre com a falta de infra-estrutura, logística, tecnologia e péssima gestão de administradores apadrinhados, muitas delas acabarão voltando para o Espírito Santo. Isso torna urgente a união entre empresários e a classe política, do Estado, para exigir do Governo Federal, uma infra-estrutura moderna, eficiente e integrada por aeroporto internacional, porto de águas profundas, rodovias duplicadas e ferrovias que transportem cargas de terceiros, para torná-lo mais competitivo na atração de novos investimentos e reduzir os impactos sobre a perda de receita e empregos. Outro caso a ser observado é o Fundo de Participação dos Estados (FPE), que é uma transferência federal de 21,5% da arrecadação de Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), aos Estados e Distrito Federal. Seu objetivo é equalizar a capacidade fiscal das unidades federativas que têm menor capacidade de arrecadar impostos, com aquelas que têm atividade econômica mais intensa. O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos que estipulam os coeficientes fixos de partilha desse fundo, afirmando que esse critério não promove o equilíbrio socioeconômico entre os entes federados. Então, o Congresso tem até o final de 2012 para aprovar nova legislação. Entre as 27 unidades da Federação, o Espírito Santo ocupa o 23º lugar na lista de transferências do FPE, com um índice de 1,5%, contra 9,3% da Bahia, o campeão do ranking. Em 2011 o Espírito Santo recebeu R$ 721 milhões e a Bahia, R$ 4,51 bilhões. Roraima, o Estado com a menor população do Brasil (semelhante à do maior Município do Espírito Santo), recebeu R$ 1,19 bilhão e Sergipe, o Estado que detém a menor área geográfica do país (metade da área do Espírito Santo), recebeu R$ 1,99 bilhão. Diante disso, temo que a mudança proposta pelo Governo possa acarretar prejuízos ainda maiores para o Espírito Santo. É preciso que estejamos atentos para evitar que as regiões com menores IDH e renda per capita recebam uma participação ainda maior do fundo, transformando-o, definitivamente, em mecanismo de punição para administrações estaduais bem sucedidas. O Brasil precisa deixar o paternalismo para trás. Promover o desenvolvimento de regiões retardatárias significa investir em infraestrutura, principalmente nas áreas de transportes e comunicações, reduzindo o custo de acesso dos Estados mais distantes dos pólos dinâmicos da economia. Igualmente relevantes são os investimentos em educação, para formação de capital humano. Por outro lado, é preciso exigir uma contrapartida de choque de gestão e resultados positivos. O incremento capixaba às receitas federais foi de 25,78%, em relação a 2010, enquanto a média nacional foi de 14,62%. Mas, apesar de ocupar o 7º lugar na lista dos Estados que mais arrecadam, está entre os últimos dentre os que menos recebem recursos federais, de volta. A forte contribuição que o Espírito Santo vem dando, nos últimos anos, para aumentar a arrecadação federal e o esforço para estar entre os melhores Estados do Brasil, não têm sido suficientes para que a União atenda suas demandas para solucionar os graves problemas de logística e infra-estrutura que impedem a evolução do crescimento da economia local e penalizam o desenvolvimento dos capixabas. Retirar recursos que são destinados, por direito, e trocar por financiamento para executar obras de infra-estrutura, de exclusiva responsabilidade do Governo Federal, não é solução para os Estados. É pura e simplesmente uma forma de empurrar mais responsabilidades para as administrações estaduais, tornando a situação ainda mais difícil, se considerarmos o seu nível de endividamento atual. Por fim, resta a questão dos royalties do setor de petróleo e gás. Eles são compensações financeiras pagas pelas petroleiras, ao Governo brasileiro, que distribui esta renda de formas diferentes entre a União, Estados e Municípios. Não sou favorável à atual maneira como essas compensações têm sido distribuídas. É muito dinheiro para poucos. No ano passado, o Espírito Santo recebeu R$ 594 milhões e o Rio de Janeiro R$ 2,7 bilhões. Juntos, levaram 40% do total dos royalties destinados aos Estados. Entretanto, também não sou favorável à nova proposta de distribuição igualitária entre Estados e Municípios produtores e não produtores, porque é claro que os Estados e Municípios produtores sofrem maiores impactos com as atividades do setor. Por essa razão, precisam de muito mais dinheiro para obras de infra- estrutura, preservação do meio ambiente e serviços públicos. A imigração de pessoas de outros Municípios para aqueles que estão na lista dos maiores produtores, por exemplo, torna o seu planejamento quase impossível, porque os administradores locais não podem prever quantas pessoas e em que períodos elas
Crise é “made in Brasil” mesmo
É incrível a capacidade brasileira de enganar. E de se enganar. E de adorar ser enganado. Parece que é pura opção – além da opção pela pobreza, título de um artigo nosso, um pouco antigo. O tempo todo ouvimos governantes e governados dizerem que a crise brasileira de 2008/9, e a atual de 2012, é “dos gringos”. Dos EUA e Europa, que não nos deixam crescer, sempre nos sabotando. Gostaríamos de saber até quando vai esta infantilidade, em especial porque que o país não é novo, tem 520 anos, e já deveria ter amadurecido. O Brasil é um país em constante crise nas últimas décadas. A crise não começou em 2008, com retomada mais acentuada em 2012. Ela já tem mais de três décadas. Uma geração inteira, ou pouco mais, não faz ideia do que é crescimento. Do que é fazer parte do mundo que cresce e pode ter um futuro. Ninguém com menos de 50 anos viu, conscientemente, o País crescer de fato. Como todos sabem, e temos falado e escrito muito sobre isso, o Brasil sabia crescer. Entre 1901 e 1980 obteve crescimentos extraordinários. Em 1980, por exemplo, o crescimento nacional foi de 9,2%. A partir de então degringolamos, e passamos a alternar pequenos e grandes crescimentos com recessão – de tal forma que as décadas de 1980 e 1990 foram consideradas décadas perdidas. A de 2000 foi melhor, mas na média de três décadas tivemos um crescimento anual merreca de 2,4%. Uma discrepância considerável com as médias anuais de diversos períodos anteriores – como os 4,9% de 1901 a 1980, os 7,4% entre 1950 e 1980 ou os 11% entre 1967 e 1974. Nossa degringolada iniciou-se com os choques do petróleo ocorridos em 1973 e 1979, quando os árabes usaram o petróleo como arma contra os países ocidentais e Israel, e quando o preço do barril pulou de US$ 1.20 para US$ 14,00 e depois para US$ 40.00. Nessa ocasião, o Brasil importava 90% do seu petróleo. Não tínhamos petróleo e, estranhamente, este desaparecia quando chegava à fronteira do nosso subsolo, em contraposição à Venezuela, Argentina e outros países. Pode-se imaginar o estrago disso para a economia brasileira, ou seja, importar 90% e ter o preço aumentado em mais de 30 vezes quase instantaneamente. Aí o presidente da época, Geisel, disse uma das maiores bobagens já cometidas no País, isso porque tínhamos criado o malfadado Proálcool: “Somos uma ilha de tranquilidade num mar de turbulências”. Estamos pagando por esta enganosa tranquilidade há mais de três décadas. Com a ajuda da incompetência que passou a tomar conta deste grande acampamento sem fim – quem sabe algum dia será um país, uma nação. Ao contrário, ele aumenta sempre, além da corrupção recorde e tudo que gira em torno dela, solapando a economia e o brasileiro decente, que espera que um dia as coisas mudem. Parece que é melhor ele se mudar primeiro. Nossos problemas foram se agravando até chegarmos onde estamos, sem perspectiva à vista – e nem a prazo. Em 1987, nosso presidente de plantão teve que, à luz dos fatos e sem qualquer saída, declarar moratória. O País não tinha dinheiro para nada e ficou recorrendo ao FMI, sendo monitorado o tempo todo, por muito tempo. E isso porque éramos uma ilha de tranquilidade. Não conseguimos mais sair daquela situação, embora ela tenha melhorado um pouco. O fato é que não conseguimos mais crescer, e aquela infeliz declaração, bem como a postergação de ações, solapou nosso crescimento até hoje. Para não perder o costume, o Brasil continua na sua saga de louvação à pobreza. Em 2008, na pior crise do capitalismo desde o crash de 1929, e surgida novamente nos EUA, mais uma vez fomos sacudidos com a repetição da infeliz colocação de 1979, com outras palavras, menos rebuscadas: “A crise é apenas uma marolinha”. Como colocamos num artigo em seguida, era uma “marolona”. E, pelo andar da carruagem, também provocará estragos enormes por muito tempo ainda, talvez uma década ou mais. [epico_capture_sc id=”21329″] É fartamente sabido que o País não tem condições estruturais para alavancar um crescimento de 4% a 5% ao ano, muito menos 6% a 7%, o mínimo que um país como o Brasil precisa crescer para tentar virar o jogo e dar a seu povo alguma chance de participar do mundo com a glória que merece. E de cujo potencial ninguém dúvida. É só termos uma política econômica correta, de longo prazo, não errante e incompetente como temos visto nos últimos anos. E nem precisamos ir longe, basta ver as mais recentes medidas econômicas “iô-iô”. Subindo e descendo. Fazendo e desfazendo. Cada dia uma história. O que faz lembrar uma antiga e maravilhosa série de TV, Perdidos no Espaço , com o trapalhão Dr. Smith dizendo: “Não tema, com Smith não há problema”. É um verdadeiro festival de ignorância em ciências econômicas. Que não é uma ciência exata, mas tem certa lógica. De tudo que se faz, resulta algo. Da maneira atual, sempre resulta em algo desagradável com a falta de economistas que saibam o mínimo. A “alta cúpula” não consegue perceber que em economia nada se faz a curto prazo. Economia tem tempo de maturação. Cada medida pode levar meses ou anos para dar resultado. Ou falhar. Economia é, até, um pouco de adivinhação do que vai ou pode correr no futuro, mas, com resultados a partir de decisões, não de simples “chutes”, como o Brasil tem feito nos últimos anos.
Brasil de Verdade
Mais de R$ 12 bilhões foram gastos em propaganda oficial, na última década, mostrando o Brasil como uma grande potência econômica e social, quando na verdade, tudo não passa de uma grande farsa. O Orçamento da União para 2012 é de R$ 2,2 trilhões. Como os serviços da dívida, INSS, transferências constitucionais, pessoal, saúde e educação engolirão 74% desse total, sobrarão apenas 26% para todos os investimentos e outras despesas. A dívida total da União era de R$ 1,1 trilhão em 2002, subiu para R$ 2,4 trilhões em 2010 e saltou para R$ 2,6 trilhões em 2011. O aumento dos gastos inúteis, sistemático desperdício decorrente da incompetência e corrupção, gerou um déficit fiscal de R$ 101,3 bilhões. Só os juros desta dívida vão consumir R$ 655 bilhões, este ano. Em 2002, o déficit da Previdência era de R$ 41,4 bilhões. Em 2011, mais que dobrou, fechando em R$ 89,5 bilhões. Destes, R$ 54,2 bilhões se referem ao pagamento das aposentadorias e pensões dos servidores da União. Mas, o Estado brasileiro não para de inchar. Nos últimos 09 anos, a União admitiu 196.509 mil servidores, aumentando a folha de pagamento de R$ 75 bilhões, em 2002, para R$ 183,3 bilhões, em 2010 e para 197 bilhões, em 2011. A saúde recebeu cortes de R$ 5,5 bilhões e ficou com apenas R$ 72,1 bilhões este ano. Em meio ao caos, milhares de brasileiros morrem sem atendimento, mais de 14 milhões não têm acesso a água tratada e 100 milhões não têm esgoto sanitário. O Brasil apresenta a 7ª maior taxa de analfabetismo (9,6%) entre os 28 países da América Latina; e, entre 65 países avaliados no Pisa, somos o 53º colocado em Leitura e Ciências e o 57º em Matemática.Ainda assim, o governo cortou R$ 1,9 bilhão da Educação, que vai receber apenas R$ 33,4 bilhões, em 2012. A violência assassina mais de 50 mil brasileiros todos os anos, a maioria por envolvimento com drogas, para as quais não existe programa eficiente de prevenção ou tratamento. [epico_capture_sc id=”21731″] O ‘espetacular’ Bolsa Família representa apenas 0,6% do PIB e 25% dos brasileiros estão habilitados a receber essa transferência de renda, destinada aos miseráveis. Ainda assim, nosso coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, estacionou em 0,54 – o 3º pior da América Latina. No ranking do Índice de Percepção da Corrupção, despencamos do 45º lugar, em 2002, para o 73º lugar em 2011, entre 182 países pesquisados. O PAC empacou, o PIB não decola, Copa e Olimpíadas podem ser um fiasco por atraso nas obras e superfaturamento, e a política de ascensão das classes sociais, alicerçada no consumo, se firma como de endividamento e financeirização da pobreza. Este é o Brasil de verdade!
Maldição do Protecionismo
E lá vamos nós de novo! Sempre querendo fazer tudo errado. Estamos ávidos por saber quando aterrissaremos no planeta Terra. E sermos mais normais. Uma vez mais, ao invés da melhoria da nossa competitividade, estamos adotando o protecionismo contra a competitividade estrangeira. Vamos matar a vaca para eliminarmos o carrapato. Solução digna do grande acampamento tupiniquim. Enquanto as coisas vão bem, com superávits enormes na balança comercial, a vida continua e ninguém se importa. Quando as coisas começam a complicar um pouquinho, o que faz parte das regras do jogo, já queremos usar o remédio errado contra as nossas doenças. Como dizia um quase filósofo amigo “tudo está bem, enquanto está bem”. Durante muitos anos nossa balança comercial tem sido superavitária. Aliás, uma situação normal para nós, com exceção do famigerado período entre 1995 e 2000. Em que políticas erradas do governo nos levaram a déficits consideráveis. Embora trágicos, pois muito grandes, e que causaram bom estrago, eram pontos fora da curva. Não condizente com nossa história de superávits quase permanentes. Durante alguns anos tivemos superávit na balança comercial automotiva com o México. De alguns anos para cá, invertemos o fluxo e passamos a ter déficits. Embora grandes, não afetam a nossa balança comercial. Que se mantém superavitária, com muita folga. Déficits pontuais com alguns países são normais. O que importa é a situação geral, e esta tem sido favorável a nós. Em 2011, por exemplo, o superávit foi de astronômicos 30 bilhões. Considerando exportação de 256 e importação de 226 bilhões, realmente é grande demais em nossa opinião. Mas, esquecendo-nos de regras triviais, já forçamos o México a rever o Acordo automotivo, ACE 55 (Acordo de Complementação Econômica 55), imprimindo a ele um teto no déficit brasileiro. Por enquanto (sic) por três anos. E, vencida esta etapa, em que a limitação já está em vigor, o novo alvo são os vinhos importados. Que causam estragos à nossa indústria vinícola. E não devemos nos esquecer do brutal aumento do IPI sobre os carros importados. E, o novo alvo são bens de capital, apenas alguns, que poderão ter licença não-automática. Como já sabemos e podemos esperar, estes “alguns” podem ser apenas a porta de entrada. E La nave va. Se todos resolverem fazer a mesma coisa, quem perderá? Claro caro leitor, a resposta já está na ponta da sua língua. O Brasil, pela situação retro descrita. Portanto, não nos parece uma forma inteligente de favorecer o país e os setores envolvidos nesta reserva de mercado. Já conhecemos de sobejo o que isso significa. E, como costumamos citar aos nossos alunos, a indústria automobilística, com a sua produção de carroças, e a informática, são excelentes, e bota excelentes nisso, exemplos de uma política nociva de proteção à indústria nacional no passado. Os consumidores brasileiros pagavam fortunas por mercadorias de péssima qualidade. E desconectadas com o mercado internacional e o que se fazia no mundo. Na abertura econômica implementada no início dos anos 1990 todos perceberam isso. Mas, parece que muita gente está com saudades daqueles péssimos tempos de economia fechada. Se não pode fechar, parta-se ao protecionismo. Pobres mentes obsoletas. Sempre olhando pelos retrovisores, não pelo parabrisa. O que o país precisa não é deste protecionismo maléfico. Que pode receber respostas externas, o que seria ruim apenas para nós. O país precisa de outro tipo de protecionismo. Que é um antídoto contra as péssimas políticas econômicas do país. E não só a indústria, como toda a economia brasileira, assim como os consumidores. [epico_capture_sc id=”21731″] O que se precisa é de taxas de juros mais baixas e condizentes com a economia mundial. Carga tributária decente, que se coadune com o nível da nossa economia. E, por que não, também seguindo os demais países cujo desenvolvimento esteja mais pari-passu com o nosso. E mesmo países de alto desenvolvimento como os EUA e Japão, cuja carga tributária é de cerca de 70% da nossa. Precisamos de uma redução drástica do custo da mão-de-obra, que é demasiada pesada. E muitas outras políticas mais adequadas. Resumindo, precisamos de um choque de competitividade, que nos coloque em condições de disputar mercados com todos os demais países, e não mero protecionismo significando tolhimento da liberdade econômica. Precisamos entender que nossos problemas são internos e não externos. Se temos déficit na indústria automobilística, a culpa é nossa por continuarmos a produzir carroças. Só que agora um pouco melhores, com direção hidráulica e ar-condicionado. WebRep currentVote noRating noWeight
E se o Brasil se fechar, doutor?
O protecionismo é um dos assuntos mais discutidos atualmente, na verdade desde 2009, basta “dar uma voltinha” pela Internet para se deparar com o tema. Também, como não falar de um assunto como esse? que tem grande abrangência no mercado nacional e internacional, e ainda mais depois da presidente Dilma Rousseff baixar inúmeras medidas protecionistas durante pouco mais que um ano de mandato. O que talvez possa impressionar é o fato da presidente Dilma, grande aliada do ex-presidente Lula – que merecia um prêmio, segundo o Diretor da OMC, em 2009, e que no mesmo ano chegou a pedir reza para Barack Obama tomar atitudes sábias, relacionando-se à postura do presidente dos EUA, alegando que o fechamento da economia americana, o protecionismo, poderia levar ao caos, e agravar ainda mais a crise – tomando ações consideradas protecionistas pela grande maioria dos economistas, exatamente o inverso que pregava o ex-presidente. Cabe ressaltar, que o fato dela ser aliada ou ter sido aliada ao Lula, não significa que dará continuidade aos planos do governo anterior da mesma forma que aquele daria. Assim, enquanto uns enxergam protecionismo explicito no novo governo, da Dilma, outros vêem apenas como decisões políticas necessárias, para gestão do país, tendo em vista a atual economia global. Claro ficou que o governo da Dilma é bem diferente do Lula, aquele é mais intervencionista e nacionalista, abandonou o discurso de defesa da abertura de mercados, suspendeu acordos e passou a ser um dos líderes na aplicação de tarifas e medidas protecionistas. Só no governo Dilma a alíquota do IOF foi alterada por 6 vezes, das 13 alterações ocorridas desde o ano de 2008, e além disso, vemos o Banco Central intervindo rotineiramente no mercado de câmbio, visando controlar possível alta do real. Essa postura do atual governo está sendo muito criticada, sob as alegações que ocasiona prejuízos às demandas de importação, a concorrência, causa insegurança, incerteza e perda da confiança dos parceiros comerciais em relação ao país, e atinge significativamente o consumidor. Portanto, acaba por prejudicar a própria população e aos demais países que realizam negócios com o país. Segundo Marcelo de Paiva Abreu (Economista da PUC), nos últimos 5 anos a proteção aumento significativamente, e são usados instrumentos que não são usados há muitos anos, e até inéditos, como exemplo, o IPI discriminatório, que certamente viola as regras internacionais, porém que o governo resolveu adotar (09/2011). Neste episódio, além de terem elevado a alíquota escandalosamente, descumpriu ainda o prazo da quarentena exigido pela Magna Carta (art. 150, III, “c”, CF/88). Entende-se que o protecionismo pode trazer benefícios à nação, porém temporários, e apenas para alguns setores da economia, pois com o passar do tempo obtêm-se resultados desvantajosos para a maioria, principalmente a classe consumidora – gera preços altos e qualidade inferior, devido à vantagem que os setores protegidos têm sobre a concorrência externa. Nos casos de necessidade de matérias primas externas, a situação piora, os preços aumentam mais ainda, os produtos nacionais vão perdendo a qualidade diante dos importados. O problema, ainda pior, vem com a quebra desse protecionismo, quando se abre novamente as portas para o comércio exterior, tem-se um grande risco das indústrias nacionais fecharem as portas, por estarem despreparadas diante das externas. Pela lógica, se os países se fecharem, não haverá negociações entre os mesmos, e assim os países exportadores serão altamente prejudicados, por exemplo, a China, e consequentemente os demais países, que ficarão sem matérias primas e demais produtos que não conseguem produzir ou que tenham produção baixa, e por seguinte não atenderão a demanda interna. Os produtos em falta ou com oferta baixa no mercado, certamente, terão preços mais altos, e nem todos serão acessíveis a toda a população. Todos serão afetados de alguma forma. Assim, protecionismo pode gerar o retrocesso em relação ao desenvolvimento econômico, tecnológico, social, de inovações, etc., dependerá muito da sua dose. Não pode deixar de considerá-lo como uma barreira ao comércio entre os países, já que dificulta as trocas – o que é natural desde os primórdios, tira-se o sentido do comércio, da colaboração mútua para o desenvolvimento das nações. E sabendo-se que nenhum país é auto-suficiente, auto-sustentável, pois muitos países, devido às suas características geográficas, naturais, culturais, e diversos outros fatores internos e externos, não conseguem desenvolver todos os setores da economia com a mesma velocidade e medida, assim, é natural que alguns setores tenham menos desenvolvimento e competitividade que outros. E por isso, é importante a boa relação com os demais países, parceiros comerciais, a mútua colaboração, a fim de trazer benefícios a todos os envolvidos nas negociações, de forma a favorecer a ambas as nações, e a socializar os avanços. Se voltarmos ao tempo para justificarmos o risco do protecionismo, iremos encontrar um importante acontecimento, a Crise de 1929, um momento de grande turbulência no cenário mundial, e que por ocasião, o governo dos Estados Unidos, acreditando que iria proporcionar maior segurança ao país, elevou as barreiras comerciais. Porém, tal atitude, trouxe uma grande depressão, pois restringiram às importações, limitando o acesso à vários produtos importados baratos, e quanto às exportações que já não estava indo bem, pioraram, devido a outros países adotarem as mesmas medidas protecionistas. Mesmo sabendo-se de tudo isso, de todos os possíveis danos que o protecionismo pode resultar, alguns países preferem adotá-lo, seja de maneira mais discreta – EUA e União Européia, ou indiscreta – como a tão criticada Argentina, que na verdade em relação à quantidade de práticas sendo analisadas pela a OMC, esta tem 17 casos, enquanto aqueles têm 114 e 74 respectivamente, ou seja, o governo argentino adota sim medidas protecionistas, mas pelo dados elas são bem menos do que às daqueles. Não há muito tempo, a exemplo, tivemos a medida protecionista, conhecida como “Buy American” (2009) do plano de reativação da economia americana, proposta pelo presidente Barack Obama, a qual estabelece vantagens às empresas internas frente às externas nas aquisições de minério de ferro e aço, para utilização em projetos de infraestrutura no país. Mais recente a
Erros da privatização
Depois de tanto tempo falando em privatização, finalmente três aeroportos do País foram privatizados. Finalmente – porque já pedimos isso em vários artigos. Desde nosso primeiro (que nos perdoe Shakespeare) “To privatizar or not to privatizar portos e aeroportos”, em 1998, batemos nesse assunto. E este governo resolveu atender, claro, apenas parte da ideia. Seria demais exigir compreensão completa e serviço bem feito, ainda mais privilegiando o usuário. Temos pedido algo melhor do que ocorreu com a privatização das operações portuárias, emque simples concessões foram realizadas. O que desejamos de fato é a venda de ativos, a saída do Estado da produção, administração etc. O Estado é mau gerente, não tem competência para isso, o que é fartamente sabido. Há que deixar para quem sabe, ou seja, para a iniciativa privada. Os empresários – os sérios – sabem bem o que fazer. O Estado tem de ficar no controle, na legislação, na punição. O Estado é um prejuízo à Nação e a seus cidadãos. Aliás, em duas oportunidades já pedimos a privatização do Estado – apenas para marcar posição e demonstrar nossa indignação com o modelo brasileiro, já que sabemos que isso jamais acontecerá em qualquer parte do mundo. Até reconhecemos que, ruim com ele, pior sem ele, pois seria o caos. Com ele há ainda alguma ordem; mas ele não tem de administrar nada. Para nós, as empresas estatais são um atraso, um dos melhores drenos de dinheiro da sociedade e um eterno cabide de empregos para apaniguados. De qualquer maneira, sem a privatização, que seria o ideal, a concessão ainda é melhor caminho. “Meia privatização é melhor do que privatização nenhuma.” O primeiro erro na concessão de aeroportos, que ficou pior que a dos portos, é manter a atual gestora com 49% do controle. No caso dos portos, o Estado saiu totalmente. Quem tem 49% tem o mesmo poder de quem tem 51%. E, quem sabe até mais, considerando que é uma empresa estatal, oficial, controlada pelo governo. E ainda com parte dos 51% nas mãos de fundos de empresas estatais. Haja imaginação para mudar não mudando nada! Tem gente brincando de privatização. É como tudo na economia brasileira: alguém finge de um lado, o outro finge de outro e tudo bem. Ou, como se diz sobre o atual estágio da educação brasileira, alguns fingem que ensinam e outros fingem que estudam. O segundo grande erro é conceder três aeroportos, dos maiores e melhores, que dão lucros. Já colocamos aqui, mais de uma vez, que essa não é a forma de se privatizar ou de se conceder aeroportos. Há que se privatizar ou conceder todos, os lucrativos e os não lucrativos. E entendemos que os não lucrativos são “mérito” total do governo. Todos sabem que a Infraero administra apenas 67 aeroportos brasileiros, dentre centenas existentes. Mas que são os que interessam efetivamente. E, segundo o sabido, apenas seis deles são lucrativos. Por isso, dizia-se, eles não poderiam ser privatizados. Sempre dissemos que este era um argumento frágil, falacioso, de quem não quer largar a rapadura – que é dura, mas muito gostosa . Já dissemos que se há seis aeroportos lucrativos, e todo o sistema é lucrativo, o argumento não se sustenta. O importante é que a empresa em si é lucrativa. E muito. Assim, uma privatização adequada é perfeitamente possível. Basta dividirmos os 67 aeroportos em seis blocos: cada comprador fica com um aeroporto lucrativo e dez não lucrativos. Bastaria isso para que cada empresa tivesse lucro, que é o que interessa no final das contas. Algum mais apressado poderá dizer que, sendo privado, imediatamente a empresa fechará os aeroportos não lucrativos. Isso não ocorrerá se o processo for bem conduzido. Na venda, o governo tem que exercer seu poder de pressão. Com cada empresa comprando os aeroportos sabendo que não pode fechá-los nem reduzir suas operações. É bônus com ônus. Ao final da concessão, terá que devolver todos que assumiu, funcionando como garantia de sua manutenção total. Como dissemos, o governo tem a missão de organizar, fazer a política necessária para que as coisas funcionem. E será que alguém tem alguma dúvida de que as empresas privadas fariam aqueles que dão prejuízos hoje darem lucro amanhã? Achamos que não. Ninguém duvida e certamente ocorreria. Outro grave erro é conceder os aeroportos por valor de “joia”. Deu no que deu, com valores astronômicos sendo pagos por eles. Acreditamos que existe a possibilidade de as empresas não se sustentarem. Não terem condições de investir para melhorá-los, considerando o alto valor já despendido neles. [epico_capture_sc id=”21731″] E estes altos valores, certamente, não contribuem para termos taxas menores e que privilegiem os usuários. Tudo terá que ficar nas mãos da extrema competência, do grande aumento da produtividade dos concessionários. E, claro, sua boa vontade. O objetivo da privatização deveria ser o usuário, que é a razão final de tudo. Mas pensar no usuário não é nem opção brasileira. Este é simples e solenemente ignorado no País. E não é difícil que, em nome da urgência para se adequarem às infelizes Copa do Mundo e Olimpíadas, os preços até subam. Esperamos que não. Os investimentos nos aeroportos, na melhoria geral para torná-los de primeiro mundo, o bom atendimento aos usuários, e o Estado não ter mais preocupação com eles já seria o suficiente. Não precisaríamos ter valores astronômicos envolvidos. O ideal seria dar concessão para melhorias, sem qualquer joia, e para quem fosse praticar os melhores serviços e menores tarifas
O que estão tramando …
Sob o pomposo argumento de que importações tiram emprego na indústria local, conforme se pode ver de um fantástico importômetro, é preciso impedir que estas importações continuem aumentando. A proposta é taxar pesadamente estas importações danosas, de preferência “ad rem”, ou seja, cobrando o imposto de importação em valores pecuniários previamente fixados, sem considerar o valor aduaneiro. O que realmente estão tramando… Em nome da desindustrialização, industriais e “sem indústria” estão propondo que o Brasil negue o seu status de economia de livre mercado, revogue a lei da oferta e da procura, inicie uma guerra contra a globalização e, enfim, retroaja aos tempos quando era PROIBIDO IMPORTAR… Ah! Desculpem-me… Isto não valeria para tudo – só para o que chamam de produtos têxteis… Eu não estou exagerando – estou sendo apenas claro e objetivo, realista, sem hipocrisias, sem meias palavras! Por conta deste discurso – que só beneficiaria certas pessoas, o Brasil corre o risco de sair da cena comercial internacional e se tornar um país isolado, quiçá expulso da Organização Mundial do Comércio. Seríamos a Albânia sul-americana… Afinal, se nós proibirmos importações, principalmente aquelas originárias da China, para quem exportaremos os nossos produtos? Talvez os idealistas do plano protecionista possam responder Venezuela, Cuba, Nicarágua… Isto não é sarcasmo – é realidade! Ah! E como estas “mentes brilhantes” não separam matérias primas têxteis (fibra, fio e tecido) de confecções e muito menos a fibras artificiais e sintéticas das naturais, alguns setores industriais ficarão sem matéria prima… Afinal, se conseguirem impor as suas vontades pessoais e levarem o Brasil a proibir a importação de têxteis, como produziremos a “surf wear”, a “beach wear”, todas baseadas totalmente em matérias primas sintéticas… E as mulheres, coitadas, sofrerão muito, porque não poderão mais se valer da viscose ou da microfibra… Tudo será de algodão… Ou de seda… Bom, lã não será possível, por falta de produção local… E com este calor que faz pelo Brasil afora, não seria uma boa opção…. Ah! Tem a juta e o sisal… Mas acho que são fibras muito ásperas para utilização em confecções de uso cotidiano… E mesmo quando se fala em algodão, não se pode esquecer que o nosso algodão não é de primeira linha, por falta de investimentos, e que não produzimos o suficiente para a demanda interna… Enfim, quem conseguir se vestir terá que ser de jeans, basicamente… Talvez algumas malhas…. E como a oferta será pequena diante da demanda, os preços serão… Astronômicos… Isto gerará empregos? Isto será bom para o Brasil? A dualidade interna da “indústria TEXTIL” Como venho repetindo, sempre que nos colocamos a estudar a indústria que se convencionou chamar-se têxtil, surge uma dualidade interna: nela se inclui tanto a fabricação de matérias primas têxteis (fibras, fios e tecidos) quanto a de confecção, seja de vestuários, seja de peças do segmento “cama, mesa e banho”. Aliás, a própria ABIT congrega indústrias têxteis propriamente ditas, que fabricam matérias primas, e indústrias de confecção, que produzem produtos acabados. É obvio que os interesses econômicos, embora complementares em tese, são quase sempre contraditórios na prática. As indústrias têxteis, aqui entendidas aquelas que produzem matérias primas têxteis, atendem às indústrias de confecção e precisam fazê-lo de modo a garantir a estas custos menores, para que elas sejam competitivas tanto no mercado interno quanto nas exportações. Afinal, é a indústria de confecções que agrega maior valor, que gera mais empregos e que assegura maior distribuição de riquezas nos seus arranjos produtivos. E a indústria têxtil também precisa ser estudada considerando as suas duas origens, a natural e a química. Observando-se a história da indústria têxtil brasileira, vê-se claramente que ela se resumia, exclusivamente, até os anos 90, às fibras naturais, com destaque especial para o algodão, a seda e a juta. As fibras químicas só começaram a interessar à indústria têxtil brasileira na era Collor, justamente pelas importações. E, mesmo havendo várias indústrias brasileiras produzindo matérias primas têxteis de origem química, praticamente todas são de capital estrangeiro e grande parte do processo industrial se baseia em importações. Todos os estudos publicados indicam com clareza que o Brasil não tem como deixar de importar matérias primas têxteis, em especial as de origem química, simplesmente porque as importações são essenciais para o abastecimento da indústria têxtil e, principalmente, da indústria de confecções. É óbvio que isto não justifica práticas de dumping e muito menos de fraude em classificações merceológicas, em pesos e em preços. Mas também não justifica estabelecer preços mínimos para os produtos importados, como o DECEX faz a partir de pressão de alguns empresários, pois isto é ilegal. Principalmente quando tais “preços mínimos” são estabelecidos sem a menor transparência e sem o menor critério mercadológico, limitando-se à vontade de alguns “príncipes” da indústria brasileira. E também não justifica cargas tributárias agravadas, em especial a imposição de imposto de importação “ad rem” fixado sem considerar o real valor aduaneiro. Lamentavelmente, todas estas práticas servem apenas para encarecer o produto final, penalizando o consumidor final, gerando inflação! A Organização Mundial do Comércio já deu claros sinais de que não aprova estas medidas brasileiras, simplesmente porque elas contrariam os tratados internacionais, e a China já dá sinais de que retaliará o Brasil diante destas medidas pseudo protecionistas…. O Brasil não pode se dar ao luxo de insistir em ser uma Sucupira, tentando revogar unilateralmente leis de mercado, numa imitação barata do caricato Prefeito Odorico Paraguassú… O câmbio e o comércio internacional decorrem de realidades naturais e autorreguláveis. Dias atrás, quando a cotação do dólar estadunidense apontava sinistramente para 1,50, os “príncipes” gritavam horrorizados que a culpa era dos importadores. E agora, caros “príncipes”? A cotação está apontando, perigosamente, para 1,90… O que fazer? Enfim, repetindo-me, creio que o Brasil precisa deixar de ser Sucupira para ser um Estado sério, governado sob princípios sagrados como o da legalidade, da transparência, da prestação de contas, da responsabilidade social e da sustentabilidade. Precisamos, perdoem-me a insistência, de uma Política de Desenvolvimento Industrial moderna e que dote o Brasil de uma indústria
Nossos fundamentos econômicos
Acreditamos que, assim como nós, os brasileiros, pelo menos aqueles mais conscientes, já se cansaram definitivamente de ouvir uma série de clichês, sempre os mesmos. Há um, em especial, e o mais falado nos últimos anos para justificar que a economia brasileira vai bem, graças a Deus. O atual clichê, já de alguns anos, é que “os fundamentos da economia brasileira vão bem, são sólidos”. Estamos prontos para crescer, enfrentar as crises internacionais, etc., etc., etc. A previsão do governo para 2012 é assombrosa, de crescimento de 5% ou pouco menos. Tomara fosse, mas não há a menor chance disso. A economia não cresce efetivamente há 31 anos, desde 1981, enquanto todo o mundo crescia, ou estagnava, ou sofria recessão – enfim, mudava. Mas tudo bem, isso é um simples detalhe, como já ouvimos alguém de peso dizer, há alguns anos. Talvez não consigamos ver o que muita gente está vendo. Ou talvez muita gente esteja pensando que vê, isto é, vendo demais. Em especial o governo. Não nos cansamos de perguntar que fundamentos são esses, que parâmetros estão sendo utilizados, ou onde estão eles. Talvez seja preciso usar óculos especiais para enxergar em meio às trevas do momento. Se analisarmos os juros praticados no País já há vários anos, veremos que são os maiores do planeta em termos reais. Absolutamente inaceitáveis e sem o menor sentido, somente impedindo o crescimento da economia brasileira. Ninguém consegue produzir com eles. Se formos analisar a carga tributária, nos assustamos da mesma forma. Vemos que no ano de 2011 ela representou cerca de 36% do PIB (Produto Interno Bruto) do País, com uma arrecadação de 1,5 trilhão de reais. Um absurdo, sem nexo e precedentes. Esse valor representa 4,5 meses de trabalho exclusivo para o governo, por ano. Quem consegue consumir quando se trabalha tanto para o governo? E o consumo é que faz o crescimento e o desenvolvimento de um país. Quantos de nós, brasileiros, podemos dizer que ao final do mês nos sobram 36% de nossos ganhos? É exatamente o que temos que repassar ao governo perdulário e péssimo administrador. Isso na média – pois já que nem todos pagam impostos ou pagam menos, qual o imposto máximo pago por alguns? O que dizer do nosso querido comércio exterior, nossa área de atuação há 40 anos, e que representa 20% do PIB? E que significa tão somente 1,2% de um comércio mundial de 32 trilhões de dólares? E isso porque dobramos nosso comércio exterior nos últimos cinco anos. Nem Ministério de Comércio Exterior e/ou Logística temos de modo a juntar os esforços e remar apenas para um lado, apesar de nossos vários artigos e pedidos nesse sentido. Qual é a nossa política para a área, que é uma das melhores formas de desenvolvimento? Só estamos crescendo porque desde 2009 nos transformamos, novamente, 35 anos depois, em exportadores de commodities – e que estão com preços mais altos do que nunca. E ainda existe a China… Nossa dívida interna é astronômica, impagável, de mais de 2,5 trilhões de reais, bem mais da metade do nosso PIB, e que só tende a subir com a nossa taxa de juros na altura da lua. Sem falar na compra de dólares pelo Banco Central, aumentando nossa dívida e pagando altos juros – para serem aplicados no exterior a taxas baixas e negativas, provocando enormes prejuízos ao BC. Nossa PEA ( população economicamente ativa) é de cerca de 100 milhões de almas, e temos registrados em carteira cerca de 35 milhões. O que nos deixa pensando e complica a previdência social. Temos uma grande parcela do povo que vive da bolsa-esmola do governo – que deveria estar criando empregos, e não dando dinheiro. O Brasil também tem muito a fazer em termos logísticos. Muito a melhorar nos portos, inadequados e na malha ferroviária, a pior do mundo em tamanho, e nas rodovias. Da hidrovia, nem vamos falar! São esses os bons fundamentos econômicos, tão ressaltados por todos a cada dia? Nosso investimento está na casa dos 18% do PIB desde 1995, e querem que a economia cresça. Enquanto temos 36% de carga tributária e 18% de investimento há 16 anos, a China tem carga tributária de 17% e investimento de no mínimo 40-45%. Esperamos que ninguém ache que é preciso explicar o crescimento deles e o nosso. As estradas que levam nossa produção aos pontos de consumo ao exterior estão deploráveis. Temos poucas estradas, e apenas 12% asfaltadas, o que não condiz com a supremacia do transporte rodoviário. Não há como trafegar nelas sem provocar aumentos de custos devido a suas más condições. Indo além, não se pode ser competitivo nas exportações com custos logísticos altíssimos, que representam cerca de 20% do PIB, o dobro dos países desenvolvidos. Por exemplo, 70% de nossa soja anda de transporte rodoviário, enquanto no grande irmão do norte esta quantidade anda via fluvial em 61%. E como se sabe, produzimos soja mais barato que os Estados Unidos, mas, colocamos no navio, para o exterior, bem mais caro. Não há logística que sobreviva a este terremoto. É bom tentar entender que bons fundamentos econômicos são esses que se apregoa, erroneamente. Não temos política industrial. Nem agrícola. Quanto à energia, até ficamos no escuro, no começo dos anos 2000. Isso com todas as nossas potencialidades e tendo cerca de 20% de toda a água do planeta. Isso parece ser suficiente, embora muitas motivações ainda pudessem ser utilizadas em nossos comentários, para mostrar o quanto temos problemas e estamos longe de termos bons fundamentos. E sem entrar na questão da educação, segurança, saúde etc. Portanto, novamente vem à tona a pergunta inicial: quais são os bons fundamentos da nossa economia?
Fundamentos da economia interna
Acreditamos que como nós, todos os demais brasileiros, pelo menos aqueles mais conscientes, já se cansaram definitivamente de ouvir diversos clichês. Sempre os mesmos. Em especial o mais falado nos últimos anos para justificar que a economia brasileira vai bem, graças a Deus. O atual clichê, já de anos, é “os fundamentos da economia brasileira vão bem, são sólidos. Estamos prontos para crescer, enfrentar as crises internacionais etc. etc. etc.”. A previsão do governo para 2012 é assustadora: de crescimento de 5% ou pouco menos. Tomara fosse, mas não há a menor chance para isso. A economia não cresce efetivamente há 31 anos, desde 1981. Enquanto todo o mundo cresceu, estagnou, teve recessão, cresceu etc. Mas tudo bem, isto parece um mero e simples detalhe, como já ouvimos alguém de peso dizer há alguns anos. Talvez nós não consigamos ver o que muita gente esteja vendo. Ou talvez muita gente esteja pensando que vê, isto é, vendo demais. Em especial o governo. Não nos cansamos de perguntar que fundamentos são esses. Que parâmetros estão sendo utilizados. Onde estão eles. Entendemos que precisamos de óculos especiais para enxergar em meio às trevas do momento. Se analisarmos os juros praticados no País já há vários anos, veremos que são os maiores do planeta em termos reais. Absolutamente inaceitáveis e sem o menor sentido. E somente estão impedindo o crescimento da economia brasileira. Ninguém consegue produzir com eles. Se formos para a carga tributária, da mesma forma nos assustamos. Vemos que no ano de 2011 ela representou cerca de 36% do PIB, produto interno bruto do País. Uma arrecadação de 1,5 trilhão de reais. Um absurdo, sem nexo ou precedentes, que representa 4,5 meses de trabalho exclusivo para o governo, por ano. Quem consegue consumir quando se trabalha tanto para o governo? O consumo é que faz o crescimento e o desenvolvimento. Quantos de nós, brasileiros, podemos dizer que ao final do mês nos sobram 36% de nossos ganhos? Exatamente o que temos que repassar ao governo perdulário e péssimo administrador. Isso na média, pois já que nem todos pagam impostos ou pagam menos, qual o imposto máximo pago por alguns? O que dizer do nosso querido comércio exterior, nossa área de atuação há 40 anos, e que representa 20% do PIB. E tão-somente 1,2% de um comércio mundial de 32 trilhões de dólares. E isso porque dobramos nosso comércio exterior nos últimos cinco anos. Nem Ministério de Comércio Exterior e/ou Logística temos. De modo a juntar os esforços e remar apenas para um lado. Apesar de nossos vários artigos e pedidos. Qual é a nossa política para a área, que é uma das melhores formas de desenvolvimento? Só estamos crescendo porque desde 2009 nos transformamos, novamente, 35 anos depois, em exportadores de commodities, que estão com preços mais altos do que nunca. E existe a China. Nossa dívida interna é astronômica, impagável, de mais de 2,5 trilhões de reais, bem mais da metade do nosso PIB. E ainda nos dizem que é de 1,8 trilhão. E só tende a subir com a nossa taxa de juros na lua. Que dirá da compra de dólares pelo Banco Central. Que aumenta nossa dívida e paga altos juros. Para que sejam aplicados no exterior a taxas baixas e negativas, provocando enormes prejuízos ao BC. Nossa população economicamente ativa (PEA) é de cerca de 100 milhões de almas, e temos registrados em carteira cerca de 35 milhões. O que nos deixa pensando e complica a previdência social. Temos uma grande parcela do povo que vive da bolsa-esmola do governo. Que deveria criar empregos, e não dar dinheiro. O País tem muito que fazer em termos logísticos. Muito a melhorar nos portos, inadequados. Na ferrovia, a pior do mundo em tamanho. Nas rodovias. Da hidrovia nem vamos falar. São esses os bons fundamentos, tão ressaltados por todos a cada dia? Nosso investimento está na casa dos 18% do PIB desde 1995, e querem que a economia cresça. Enquanto temos 36% de carga tributária e 18% de investimento há 16 anos, a China tem carga tributária de 17% e investimento de no mínimo 40-45%. Esperamos que ninguém ache que é preciso explicar o crescimento deles e o nosso. As estradas que levam nossa produção aos pontos de consumo ao exterior estão deploráveis. Temos poucas estradas, e apenas 12% asfaltadas. Que não condizem com a supremacia do transporte rodoviário no País. Não há como trafegar nelas sem provocar aumentos de custos com as suas más condições. Indo além, não se pode ser competitivo nas exportações com custos logísticos altíssimos. Que representam cerca de 20% do PIB – o dobro dos países desenvolvidos. Por exemplo, 70% de nossa soja anda de transporte rodoviário enquanto no grande irmão do norte esta quantidade anda via fluvial em 61%. Segundo se sabe, produzimos soja mais barato que o irmão do norte, mas colocamos no navio, para o exterior, bem mais caro. Não há logística que sobreviva a este terremoto. É bom tentar entender que bons fundamentos econômicos são esses que se apregoam, erroneamente. Não temos política industrial. Nem agrícola. Quanto à energia, esta até nos deixou no escuro no início da década passada. Com todas as nossas potencialidades e tendo cerca de 20% de toda a água do planeta. Isso parece ser suficiente, embora muitas motivações ainda pudessem ser utilizadas em nossos comentários para mostrar o quanto temos problemas e estamos longe de termos bons fundamentos. Nem queremos entrar na questão da educação, segurança, saúde etc. Portanto, novamente vem à tona a pergunta inicial: quais são os bons fundamentos da nossa economia?
Brasil e China
Estamos todos acostumados a ouvir do governo, que os problemas brasileiros são externos. Que estamos sempre fazendo tudo certo. Que as crises mundiais nos atrapalham. Havendo estabilidade cresceremos normalmente. E isso não é de hoje. Desde o final dos anos 70 ouvimos coisas como estas. Quando o mundo sofreu os choques do petróleo em 1973 e em 1979 ouvimos do presidente que “éramos uma ilha de tranqüilidade”. Essa malfadada “inspiração” nos legou o que temos até hoje. Uma crise quase eterna. Em que há 30 anos estamos empatando. Com crescimento diminuto. Não coerente com as nossas potencialidades. Em que o crescimento do país entre 1901 e 1980 foi de 4,9% ao ano. 8,1% entre 1959 e 1980. E 11% entre 1967 a 1974. A partir daí tivemos três décadas perdidas. A de 80 com crescimento médio de 2,7% ao ano. A de 90 com 2,1%. E a 00 com 3,5%. Nas três décadas tivemos média anual de menos de 3%. Um retrocesso com o que vínhamos apresentando. E hoje, como ocorreu no passado, os governantes culpam a crise mundial e seu baixo crescimento. Esquecendo-se que o mundo cresceu nessas três décadas. E muito. Em especial os países emergentes como a China, Índia, Coréia, Chile, Hong Kong, Singapura, Taiwam e outros. Cujas economias deslancharam e vários deles têm renda per capita alta. Principalmente comparada com o Brasil. Quem ainda tem renda per capita baixa melhorou mais do que nós. A China é bom exemplo. Saiu de uma renda per capita de bem menos de 10% da brasileira, para cerca de metade dela. Num vigoroso crescimento médio de 10% ao ano desde 1979. E quem nem sentiu a crise de 2008/9. Assim, não há como se dizer que o país não cresce em face do restante do mundo. E das poucas crises pelas quais o mundo passou. O Brasil não cresce devido à sua própria culpa. Como disse o presidente chinês à presidente do Brasil, no início de 2011, em visita à China. O problema do Brasil é o Brasil, não a China. A China tem feito a sua parte. Mantendo uma taxa de inflação de cerca de 5% ao ano, que não é muito elevada. Com taxa de juros coerente com sua inflação. Com investimento elevadíssimo, de 45% do PIB – produto interno bruto. Criando um belo mercado consumidor. Em que cerca de 600 milhões, quase metade da sua população, foi retirada da pobreza. Que hoje consome extraordinariamente. Fazendo com que o país tenha lá todos os grandes bancos do mundo. Todas as grandes cadeias de supermercados. O maior mercado do mundo de automóveis, telefones, etc. E compra muito do Brasil e está ajudando. Enquanto isso, no Brasil, criticamos fartamente a China pelas nossas agruras. Com quem não conseguimos competir em praticamente nada. Para quem vendemos minério de ferro, e de quem compramos trilhos, por preço oito vezes maior. Com nosso minério. Assim, partindo para os fatos, seria de se perguntar, singelamente, por que não produzimos aqui os trilhos para nossas ferrovias. Pergunta difícil essa (sic). Seguindo as sábias palavras do presidente chinês, devemos fazer nossa lição de casa. E, após isso, se for o caso, reclamarmos dos outros. A China tem taxa de juros, como dissemos, em consonância com a taxa de inflação. Enquanto a nossa é quase o triplo da inflação projetada. E o dobro da inflação que estamos realizando, que está razoavelmente descontrolada. Com isso, o empresário brasileiro não tem muitas condições de investir. E, por mal de todos os pecados, embora a taxa Selic seja agora de “apenas” 12% ao ano, nenhum empresário brasileiro obtém empréstimos para a produção em menos de, pelo menos, o dobro disso. Os consumidores, então, chegam a pagar mais de 200% pelas compras em cartão de crédito. E quase isso no empréstimo pessoal. A carga tributária da China é de 17%. O que significa, aos trabalhadores e consumidores, uma renda pessoal adequada para consumo. No Brasil e carga tributária gira ao redor de 37%. A mais alta do mundo em termos relativos ao PIB, e considerando o retorno dela à população. No Brasil temos que ter convênio médico particular, para termos uma saúde adequada. Temos que pagar a escola para obter um estudo minimamente razoável. Temos que pagar segurança para termos um mínimo de tranquilidade. Considerando tudo isso, podemos afirmar que “a carga tributária brasileira real é de cerca de 50%”. A taxa de investimento na China, como relatamos, é de 45%, com mínimo de 40% do PIB. Em que a produção é valorizada. O país quer crescer, e tem conseguido, através da produção de mercadorias. E não de produção financeira (sic). No Brasil, segundo dados conhecidos, o investimento, entre 1995 e 2010, teve média de 17-18%. Ou seja, menos do que o necessário para simples manutenção. Considerando que máquinas, equipamentos, veículos, tem taxa de depreciação anual de 20%. Analisando os fatos fica a sensação de que o crescimento obtido pelo país nestas três décadas, de acordo com o investimento, é absolutamente exorbitante. E, certamente, explicado apenas pelo aumento da produtividade. Assim, é fácil entendermos que o problema de crescimento do Brasil não é do mundo. Muito menos da China. O problema é interno. Tudo que temos de errado é made in Brazil. Pura criatividade tupiniquim. Que fica tentando redescobrir a roda. Ao invés de simplesmente usar a que foi criada há milênios. Precisamos redescobrir a economia. O que faz o mundo. E fazermos igual, sem inventar nada. Copiar muitas vezes é o melhor a se fazer.