Nossas dificuldades e a China

Estamos todos acostumados a ouvir do governo que os problemas brasileiros são externos. Que estamos sempre fazendo tudo certo. Que as crises mundiais nos atrapalham. Que havendo estabilidade cresceremos normalmente. Isso não é de hoje. Desde o final dos anos 70 ouvimos coisas como essas. Quando o mundo sofreu os choques do petróleo em 1973 e em 1979 ouvimos do presidente que “éramos uma ilha de tranquilidade”. Essa malfadada “inspiração” nos legou o que temos até hoje: uma crise quase eterna, em que há 30 anos estamos patinando. Temos um crescimento diminuto, não coerente com as nossas potencialidades. O crescimento nacional, entre 1901 e 1980 foi de 4,9% ao mês; de 8,1% entre 1959 e 1980  e de 11% entre 1967 a 1974. A partir daí tivemos três décadas perdidas: a de 80 com crescimento médio de 2,7% ao ano; a de 90 com 2,1% e a de 2.000 com 3,5%. Nas três décadas tivemos média anual de menos de 3% – um retrocesso com o que vínhamos apresentando. E hoje, como ocorreu no passado, os governantes culpam a crise mundial e seu baixo crescimento, esquecendo-se que o mundo cresceu nessas três décadas. E muito, em especial os países emergentes como a China, Índia, Coreia, Chile, Hong Kong, Singapura, Taiwan e outros, cujas economias deslancharam. Vários deles têm renda per capita alta, principalmente se  comparada com a do Brasil. Quem ainda tem renda per capita baixa melhorou mais do que nós. A China é um bom exemplo. Saiu de uma renda per capita de menos de 10% da brasileira para cerca de metade dela, num vigoroso crescimento médio de 10% ao ano desde 1979. E nem sentiu a crise de 2008/2009. Assim, não há como dizer que o País não cresce em face do restante do mundo e das poucas crises pelas quais o mundo passou. O fato é que o Brasil não cresce por sua própria culpa. Como disse o presidente chinês à presidente do Brasil, no início de 2011, em visita à China, o problema do Brasil é o Brasil, não a China. A China tem feito a sua parte, mantendo uma taxa de inflação de cerca de 5% ao ano, que não é muito elevada e com taxa de juros coerente com sua inflação. O investimento no país é elevadíssimo, de 45% do PIB (Produto Interno Bruto), tendo sido criado um belo mercado consumidor, em que cerca de 600 milhões, ou quase metade da sua população, foi retirada da pobreza. A população consome extraordinariamente, fazendo com que o país tenha lá todos os grandes bancos do mundo e todas as grandes cadeias de supermercados. É o maior mercado do mundo de automóveis, telefones etc. E compra muito do Brasil. Enquanto isso, no Brasil, criticamos fartamente a China pelas nossas agruras. Não conseguimos competir em praticamente nada com ela. Vendemos para a China  minério de ferro, enquanto compramos dela trilhos – feitos com nosso minério – a  preço oito vezes maior. Partindo para os fatos, seria de se perguntar, singelamente, por que não produzimos aqui os trilhos para nossas ferrovias. Pergunta difícil essa… Seguindo as sábias palavras do presidente chinês, devemos fazer nossa lição de casa. E só depois disso, se for o caso, reclamarmos dos outros. A China tem taxa de juros, como dissemos, em consonância om a taxa de inflação – enquanto a nossa é quase o triplo da inflação projetada e o dobro da inflação que estamos realizando, que está razoavelmente descontrolada. Com isso, o empresário brasileiro não tem muitas condições de investir. E, por mal de todos os pecados, embora a taxa Selic seja agora de “apenas” 12% ao ano, nenhum empresário brasileiro obtém empréstimos para a produção em menos de, pelo menos, o dobro disso. Os consumidores chegam a pagar mais de 200% pelas compras em cartão de crédito, e quase isso no empréstimo pessoal. A carga tributária da China é de 17%. O que significa, para os trabalhadores e consumidores, uma renda pessoal adequada para consumo. No Brasil, a carga tributária gira ao redor de 37%, a mais alta do mundo em termos relativos ao PIB, e considerando o retorno dela à população. No Brasil temos de ter convênio médico particular para termos uma saúde adequada. Temos de pagar pela educação para obter um estudo minimamente razoável. Temos de pagar pela segurança para termos um mínimo de tranquilidade. Considerando tudo, podemos dizer que a carga tributária brasileira real é de cerca de 50%”. [epico_capture_sc id=”21731″] A taxa de investimento na China, como relatamos, é de 45%, com mínimo de 40% do PIB. A produção é valorizada. O país quer crescer e tem conseguido, por meio  da produção de mercadorias, e não de” produção financeira”. No Brasil,  o investimento, entre 1995 e 2010, teve média de 17% a 18%. Ou seja, menos do que o necessário para uma  simples manutenção, considerando que máquinas, equipamentos, veículos, têm taxa de depreciação anual de 20%. Analisando os fatos, fica a sensação de que o crescimento obtido pelo País nestas três décadas, de acordo com o investimento, é absolutamente exorbitante. E, certamente, explicado apenas pelo aumento da produtividade. Assim, é fácil entender que o problema de crescimento do Brasil não é do mundo. Muito menos da China. O problema é interno. Tudo que temos de errado é “made in Brazil”. Pura criatividade tupiniquim, que fica tentando redescobrir a roda, em vez de simplesmente usar a que foi criada há milênios. Precisamos redescobrir a economia. O que faz o mundo. E fazermos igual, sem inventar nada. Copiar, muitas vezes, é o melhor a se fazer.

O retorno das carroças

Falamos recentemente sobre os problemas do Brasil com a competitividade da China. Não conseguimos fazer o que eles fazem e deixamos claro que a culpa não é deles, mas nossa. Fazemos tudo errado e culpamos os outros. No noticiário do dia 16 último, mais um absurdo: o Ministério dos Transportes, após todos os problemas havidos, com 27 afastamentos, inclusive o do titular da Pasta, se autoconcedeu 100% na avaliação de desempenho institucional. Claro está que, se os princípios são errados, se as aplicações são inadequadas, o resultado só pode ser catastrófico. Ninguém ainda aprendeu a plantar laranjas e colher camarões. Só se colhe o que se planta. No Brasil é fácil fazer errado. Avaliar errado. A política é tudo. Os interesses individuais idem. O governo se arvora em dono do brasileiro, e não de seu representante. Aqui, o que mais gostamos de fazer é criticar os demais países pela sua competência. Se não podemos elogiar a nossa, criticamos a alheia. É o caso da China: preferimos criticá-la. em vez de melhorar os nossos procedimentos. E agora, também nos jornais do dia 16, tivemos o desprazer de ler o nosso epitáfio. Sim, nossa inscrição tumular, elogio fúnebre. A nossa sentença de morte econômica. Como se sabe, os carros estrangeiros vêm ganhando mercado no Brasil. As importações estão crescendo. E não é difícil saber por quê: temos o carro mais caro do mundo. Compra-se o mesmo carro nos EUA por menos da metade daqui – e lá a renda per capita é cinco ou seis vezes a nossa. O mesmo corre no Chile e em outros países. A carga tributária brasileira sobre o automóvel é insana, seja sobre o nacional ou estrangeiro. O carro estrangeiro tem a mais alta alíquota de imposto de importação dentre todas as mercadorias: 35%. Afora os demais impostos incidentes como o IPI, ICMS, PIS, Cofins. O automóvel brasileiro tem metade do seu preço realizado em impostos. Não somos competitivos de modo algum. Mesmo com redução de impostos, ou sem nenhum imposto em nosso carro, ainda assim ele seria mais caro do que nos EUA. Nossas colocações parecem mais uma piada de mau gosto do que realidade? Mas é isso mesmo. Nosso país é que é surreal. Parece estar fora do mundo. É autista. E agora o governo, monopolista em fazer bobagens e cometer suicídio, acaba de anunciar uma medida desastrosa: a elevação em 30 pontos percentuais do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis e caminhões importados, que venham de fora do Mercosul ou do México. O melhor de tudo sobre a notícia, é que isso é para melhorar a competitividade do automóvel brasileiro e “estimular a produção no País” (sic). Vamos aumentar, segundo o governo, em 25 a 30% os preços dos carros estrangeiros, para tornar os nossos mais competitivos. E para a defesa do emprego dos brasileiros. [epico_capture_sc id=”21731″] Em primeiro lugar, isso é um flagrante desrespeito à OMC – Organização Mundial do Comércio, que proíbe a discriminação entre produtos locais e importados e não permite a exigência de conteúdo nacional. Portanto, a medida pode ser contestada na OMC. Em segundo lugar– pasme – o carro importado representa hoje apenas 6% dos veículos vendidos no País. Um tiro de canhão para matar uma mosca. Veja bem, caro leitor. Para matar um carrapato, mata-se o animal. É bem Brasil. Em vez de redução de impostos, de aumento nos investimentos, de redução dos encargos sobre a mão de obra – medidas econômicas lógicas para tornar o produto nacional competitivo –, aumentamos os impostos sobre os estrangeiros. Sabemos que este é o melhor caminho para voltarmos a ter carroças. Aquelas mencionadas pelo então presidente da República, ao abrir a economia, há duas décadas. Não exigimos competência, damos proteção. E as empresas não precisam se aprimorar. É a volta da reserva de mercado. Sabemos que isso tem, sem sombra de dúvida, o claro objetivo de aumento de impostos e da carga tributária. Não se fala em outra coisa há meses, em especial nas últimas semanas. Haja saúde. Assim, nossos gênios econômicos acabam de tirar da cartola mais um aumento de impostos. Aplaudidíssimos pela incompetente indústria nacional de veículos. Que, claro, pode ser transposta a qualquer outra.

Sinopse do Caos

É instável a situação econômica mundial. E poderá complicar se os conflitos na África e Oriente Médio se intensificarem, ações terroristas ganharem escala com morte de Bin Laden, agressões ao meio ambiente aumentarem, Japão não conseguir reverter queda do seu PIB, produção de petróleo for reduzida e inflação continuar crescendo no mundo. Podemos esperar dias bem amargos. Nos EUA, persiste a escassez de poupança pessoal e o consumo das famílias continua sendo a maior contribuição do PIB de quase R$ 25 trilhões. O déficit fiscal está muito acima do aceitável (62%), taxa de desemprego é preocupante (9,7%) e falta de fiscalização no sistema financeiro não sinaliza para as mudanças necessárias. O país continua sendo alvo potencial de atentados terroristas. Existe o temor de que a economia da União Européia não se estabilize, agravada pela queda das atividades na Inglaterra e ameaça de calote na Grécia. A situação fiscal é muito grave em Portugal, Irlanda, Islândia, Itália, Espanha e Bélgica. Uma solução para a crise na zona do euro é super complexa por causa da grande diferença entre as economias dos países membros, existência de um Banco Central único e tamanho do ajuste fiscal exigido para diminuir o déficit público. A Rússia pode estar marchando para uma depressão econômica sinalizada pela inflação alta, corrupção recorde, falta de investimentos em infra-estrutura e energia e aumento dos gastos públicos sem qualidade. Dos 140 milhões de habitantes, 18,3 milhões estão abaixo da linha de pobreza. Com 1,2 bilhão de pessoas, a Índia não tem terra disponível para a agricultura, sofre de um problema crônico de falta de água e sistemático êxodo rural. Lá, ainda existe uma massa de 300 milhões de miseráveis. A voracidade da China diminuiu, dívida pública aumentou e processo inflacionário tem colocado todo o planeta de prontidão. Entre sua descomunal população de 1,3 bilhão de pessoas, 60 milhões ainda vivem sob extrema penúria. No Brasil, ainda estamos vivendo um período inercial, com tendência de queda, visível em muitos indicadores. A inflação de 6,51% é maior do que a dos EUA, Portugal, Irlanda, Itália, Grécia, China, Chile e Peru. O percentual de miseráveis (26%) suplanta o dos EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Rússia, Índia e China. A capacidade de investimento (18,5%) é menor do que a da Argentina, Colômbia, Chile, Peru, Rússia, Índia, China, Portugal, Itália e Espanha. Entre 145 países, o nosso IDH está em 73º, abaixo do Peru, Costa Rica, Trinidad e Tobago, Panamá e Uruguai. O orçamento da União é de R$ 2.073,0 trilhões e já começou 2011 com R$ 1.533,2 trilhão (74%) totalmente comprometido com dívida pública (32,7%), INSS (16,9%), pessoal (9,63%), transferências para estados e municípios (8,6%), saúde (3,4%) e educação (2,3%). Os restantes 26% deverão ser repartidos entre 40 Ministérios e todos os investimentos de infra-estrutura física e social, resultando em percentuais microscópicos para cada um. A sociedade precisa desnudar a face enganosa do Estado e exigir o cumprimento de metas prioritárias para o crescimento econômico, desenvolvimento social e preservação ambiental sustentáveis. Urge punir sumariamente os corruptos que estão depenando cofres públicos, profissionalizar as instituições, combater a intolerância e resgatar nossos valores éticos e morais. Só assim encontraremos alguma esperança no caos.

A força do capitalismo brasileiro no cenário global

Na última década, as empresas brasileiras vêm experimentando um processo crescente de internacionalização, que foi criado com a necessidade de proteger os seus mercados cativos da concorrência estrangeira, e que agora busca também a necessidade de criação de produtividade e competitividade. Atualmente, deixamos de ser um país em desenvolvimento e fomos classificados em uma nova categoria: emergentes globais. Somo um dos grandes expoentes da atualidade econômica, citados por uma renomada consultoria como uns dos quatro países que podem vir a se tornar grandes potências econômicas, ao lado de China, Rússia e Índia. Mesmo com o impacto da apreciação do câmbio, com a agressividade da China na promoção de seus produtos industriais e com os gargalos da infraestrutura portuária e aeroportuária, já somos uma potência global. Os números não nos deixam mentir. A estabilidade econômica iniciada no meio dos anos 90 contribuiu e ajudou as empresas brasileiras a tomarem o mundo. Hoje, muitas companhias, em diversos setores, são líderes e despontam entre as mais bem sucedidas no ranking mundial. Se no passado poucas empresas como Alpargatas, Gerdau e Sadia desbravavam o mundo sozinhas, atualmente somam-se a esta lista centenas de outras empresas, como JBS-Friboi, Brasken, Coteminas, Embraco, Natura, WEG, Metalfrio, Stefanini IT Solutions. Além, é claro, de grandes multinacionais como Ambev, Vale, Embraer, Votrantim e Petrobrás. A Vale, por exemplo, intensificou o seu processo de internacionalização a partir de 1997, ano da sua privatização. A maior empresa de minério do Brasil desembolsou $13 bilhões para a compra da canadense Inco e se tornou a segunda maior mineradora do ranking global. A WEG, empresa de Jaraguá do Sul/C, fundada em 1961, possui o maior parque industrial de motores elétricos da América Latina, e tem negócios com mais de cem países, entre eles Argentina, México, China, Portugal, China, Índia, Cingapura, França e Estados Unidos. A Ambev, por sua vez, comprou a cervejaria americana Anheuser-Busch, por $52 bilhões em 2008, criando a maior cervejaria do mundo. E recentemente, os sócios brasileiros da AB InBev compraram do Burger King, segunda maior rede americana de fast food, por $4 bilhões. Números como estes comprovam que o Brasil já é um concorrente de peso no cenário global. E o papel do governamental foi crucial.  Nas últimas duas décadas, o governo fez o papel de principal garoto propaganda dos produtos e empresas brasileiras. E a política de multilateralidade também ajudou.  Itamaraty e APEX facilitaram o processo de internacionalização das empresas, negociando a redução de barreiras alfandegárias e no estabelecimento de acordos comerciais. Com este apoio foi possível consolidar mercados importantes, como EUA, China e Argentina, e abrir novos mercados, sobretudo na África e no restante da América Latina. E como resultado, as empresas transnacionais brasileiras já obtém mais da metade de suas receitas provenientes das vendas externas. Segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral (2010), os resultados das 23 maiores empresas brasileiras com negócios no exterior já somam $126,4 bilhões em faturamento, e 200 mil funcionários. Isso dividido entre América Latina (53%), Europa (17%), Ásia (15%), América do Norte (9%), África (5%) e Oceania (1%). Quando analisado pela ótica do percentual de ativos que a companhia possui no exterior, os números também impressionam. Gerdau, Ibope, Vale, Tigre e Metalfrio atingem o percentual médio de 47%. A experiência de sucessivas crises nas décadas de 80 e começo de 90 fizeram dos empresários brasileiros grandes experts em desbravamento de novos mercados. Aprendemos que a internacionalização não seria apenas um mecanismo de busca de novos mercados, e sim um instrumento de defesa de território dos mercados domésticos.

O Pequeno Notável

Através dos chamados grandes projetos, que começaram com a expansão da CVRD (Vale), seguida pela Aracruz (Fíbria), Samarco e CST (Arcelor Mittal), o Estado do Espírito Santo marcou, definitivamente, a sua inserção na era industrial e da economia globalizada. Hoje, essas empresas já estão entre as maiores do mundo. Com as descobertas de petróleo e gás, na nossa camada de pré-sal, a Petrobras passou a fazer parte desse grupo e pretende investir cerca de R$ 65 bilhões, nos próximos 10 anos. O Espírito Santo já é o 2º maior produtor de petróleo e gás do Brasil e suas reservas gigantes ocupam o 2º lugar no ranking nacional. Estima-se que, até 2015, irá produzir 500 mil barris de óleo e 20 milhões de m³ de gás, por dia. É incontestável a importância sócio-econômica das grandes empresas, cartão de visitas nacional e internacional. Mas é importante registrar que a economia capixaba não gravita apenas em torno dos setores Minero-siderúrgico; Papel e Celulose; e Petróleo e Gás. Ela é altamente diversificada e esse aspecto é da maior relevância, pois num quadro de adversidade em um setor, outros irão garantir a estabilidade econômica. Além disso, são esses que geram mais de 2 milhões de empregos. O Espírito Santo ocupa o 7º lugar no ranking dos estados exportadores, com faturamento de US$ 11,95 bilhões, em 2010; 8° lugar no dos importadores, com US$ 7,6 bilhões; e responde por quase 30% do volume nacional de cargas do comércio exterior. A Construção Civil, no Espírito Santo, atraiu as maiores empresas brasileiras, do setor, e cresceu 294% nos últimos cinco anos. Ela emprega 70 mil pessoas e faturou quase R$ 3 bilhões, no ano passado. No Agronegócio, o estado é grande exportador de celulose, maior exportador de mamão papaya e gengibre e maior produtor de café conilon, do Brasil. É o segundo maior produtor nacional de pimenta do reino e coco, além de se destacar na produção de cacau e goiaba. A cadeia produtiva do setor de Madeiras e Móveis emprega mais de 36 mil pessoas, ocupa a 6ª posição entre os pólos moveleiros do Brasil e a alta tecnologia é determinante para a grande produtividade nas florestas plantadas. [epico_capture_sc id=”21329″] O setor Têxtil e de Confecções emprega 24 mil pessoas, nas 2.170 empresas capixabas, cuja receita, no ano passado, foi de R$ 1,8 bilhão. Já no setor de Alimentos e Bebidas, contamos com a 2ª maior indústria de suco de frutas do Brasil e a 3ª maior fábrica de chocolates do Hemisfério Sul. Com incentivos fiscais e financeiros inéditos, e logística privilegiada, o Espírito Santo polarizou mais de 600 empresas atacadistas e distribuidoras, se posicionando como o 3º maior Centro Distribuidor do país. Elas geram mais de 40 mil empregos e faturaram R$ 12 bilhões, em 2010. Ele é, também, o maior produtor e exportador de Rochas Ornamentais da América Latina. O setor emprega mais de 15 mil pessoas, responde por 70% das exportações brasileiras, e seu faturamento, no ano passado, foi de US$ 683,5 milhões. Para os próximos 10 anos, a estimativa de investimentos é de R$ 130 bilhões, que serão aplicados em energia; indústria; terminal portuário, aeroporto e armazenagem; comércio, serviços e lazer; transporte; meio ambiente; agroindústria; saneamento; educação; e saúde. Desde a década de 70, o Estado do Espírito Santo vem crescendo acima da média nacional, e hoje ocupa a 9ª posição em competitividade, no ranking geral dos 27 estados brasileiros. Isso o torna potencialmente atraente para novos investimentos, confirmando o seu potencial econômico e competência empresarial.

Vou adaptar ou mudar de mercado?

As influências culturais afetam o comportamento de compra do consumidor. Isso ocorre porque a cultura é um conjunto de idéias, valores, experiências, fatos e símbolos que auxiliam o ser humano a se comunicar, a interpretar e se avaliar como membros pertencentes a uma determinada sociedade. Outros fatores também concorrem com o momento de tomar uma decisão, seriam as influências pessoais, grupos de referências, familiares, classes sociais, ou até mesmo pelo contexto situacional. Todos estes aspectos fazem com que um produto ou serviço muitas vezes tenha que ser adaptado a um determinado mercado. Por isso a sensação de que não é o mesmo produto ou marca em certos locais. Ou então, é feita uma mega campanha de marketing para uma marca e rapidamente ela desaparece sem conseguir se deslanchar no mercado. A cultura de uma nação determina o que os fornecedores podem oferecer, as maneiras como os produtos podem ser comercializados e o grau em que os consumidores podem atuar sobre suas preferências. Isso ocorre porque cada povo tem seus valores, normas, religião, crença, grau de instrução e idéias que são transmitidas de uma geração para outra. E com isso a cultura acaba fornecendo valências positivas ou negativas para as marcas e formas de comunicação que definirão a ideologia do consumo. É muito comum as empresas terem que se adaptar não somente para vendas em países diferentes, muitas vezes até mesmo dentro do próprio país. O Brasil é um clássico exemplo disso, por ser extenso territorialmente e formado por culturas de países distintos. Várias marcas possuem seus produtos ou serviços adaptados conforme o gosto da região. Alguns itens nem chegam a ser vendidos em determinados locais e ficam como exclusivos daquele mercado. Para as empresas que desejam exportar, este tema é de suma importância para se destacar no mercado e perpetuar a marca. Não é possível entrar e permanecer no mercado não atendendo as necessidades e desejos dos consumidores ou ainda ofender sua cultura e seu povo. Às vezes estas adaptações no caso de produtos são pequenos detalhes como tamanho e formato da embalagem, alguma descrição que deva ser claramente destacada no produto. Mas como também pode ser uma grande mudança no sabor, essência, características físicas, cores, assim como alterações na forma de processamento para produção e comercialização. Fornecedores de xampu e condicionador tiverem que se adaptar ao mercado peruano. Isso porque no Peru além de ter os itens em embalagens similares aos nossos, as pessoas têm o costume de comprar embalagens menores, como o que é conhecido no Brasil por sache. O que muitas vezes no Brasil é utilizado como amostra grátis é um artigo de compra bastante utilizado pelos consumidores locais. Principalmente por aqueles que não têm condições de pagar pela embalagem maior. Para os prestadores de serviços as solicitações podem ser na forma como proceder no atendimento, estrutura para prestação do serviço, tipo de serviço a ser prestado e inclusive exigências quanto a quem está apto a prestar e com quais recursos podem ou não ser utilizados. É recomendável antes de começar os investimentos para o processo de exportação que a empresa conheça o mercado alvo, sua cultura e seus costumes. Saber quais tipos de influências os consumidores estão sujeitos e o que deverá ser feito para atender aquele mercado. Isso para certificar se a empresa terá condições de se adaptar para atender o público alvo. Pois, caso negativo o máximo que poderá ocorrer é uma venda isolada e sem continuidade, podendo ainda, inclusive, deixar uma percepção negativa em relação marca.

Labirintos de 2011

A crise financeira internacional agravou os problemas de má gestão dos sete países mais ricos do mundo. Suas finanças estão deterioradas e acumulam dívidas de US$ 30 trilhões, mais de 50% do PIB mundial. Com grave estagnação econômica, desemprego recorde e elevados rombos orçamentários, não apresentam um plano consistente de recuperação. A opção seria impor redução de gastos públicos, incentivar a poupança interna, investir em projetos sociais e em infra-estrutura. Ao invés disso, persistem os gastos inúteis e cortes em setores geradores de emprego e renda. Isso os impede de aumentar arrecadação, resultando em menos dinheiro para fazer a economia acelerar e diminuir o endividamento. Os reflexos dessas decisões contaminam outros países, num efeito dominó, comum num mundo interdependente. É um ciclo vicioso, dentro de um labirinto. Não existe nenhum país em situação confortável. O intrincado cenário globalizado embaralha vários fatores macroeconômicos, não permitindo descolamento. Entretanto, a mais grave, e que merece muita atenção, é a relação simbiótica e muito tênue, entre União Européia, Estados Unidos, Japão e China, responsáveis por 70% do PIB mundial. Qualquer ruptura, por menor que seja, pode lançar o mundo numa crise sem precedentes, provocando um efeito cascata de conseqüências imensuráveis. Tenho especial preocupação com a quantidade de dólares que estão sendo emitidos pelo Tesouro americano. O resultado de um sistema monetário artificial tem amplas possibilidades de se voltar contra o próprio emissor e seu impacto inflacionário vai afetar duramente sua economia interna e promover drásticos impactos globais. Creio que em 2011 os problemas vão evoluir para recessão, em regiões que hoje se vangloriam de estabilidade. Alguns países irão crescer, mas os índices serão anêmicos, por causa de inflação, dívidas, desemprego, agravamento de conflitos políticos e religiosos. Em algumas economias emergentes haverá uma recaída, após fase de expansão pífia. O Brasil ficou menos exposto porque detém apenas 2,6% do PIB mundial e representa menos de 1% das transações globais. Além disso, o governo manteve todas as políticas consolidadas anteriormente, seguiu na esteira inercial dos bons momentos vividos pelo mundo e ainda se alimenta do que restou daquela pujança, escorado no competente empresariado brasileiro, mercado interno aquecido, incentivos sociais e paraíso imaginário criado pela bilionária propaganda oficial. Entretanto, tudo isso é efêmero. Existem grandes preocupações com nossa competitividade em queda; parceiros comerciais cada vez mais fracos; ínfimos investimentos em logística, infra-estrutura, saúde, segurança, educação, ciências, tecnologia e inovação; custo de produção, taxas de juros e carga de impostos altíssimos; real supervalorizado; e inflação crescente. Além disso, estados e municípios quebrados, reformas estruturais postergadas, dívida pública estratosférica, índices de criminalidade inaceitáveis, corrupção e fisiologismo disseminados por todos os poderes da República, leis frouxas e ultrapassadas, o cancro da impunidade e novos conceitos de ética e moral da sociedade criam gargalos intransponíveis para desenvolvimento social e crescimento econômico sustentáveis. Os desafios para a nova presidente serão hercúleos e estou cética quanto ao seu sucesso, em especial pela forte presença do governo anterior. Não existe superávit para dias de tempestade, nem planejamento para avançar na bonança. E o mundo continua girando, envolvendo o Brasil em sua ciranda globalizada, que por sua vez, vai levando o Espírito Santo, junto, para os inexpugnáveis labirintos de 2011.

A falta de eficácia da alfândega brasileira atrasa o crescimento do país.

Esta não é uma boa notícia a ser dada, mas quem trabalha no comércio exterior sabe que o título é apropriado as nossas operações aduaneiras, e que o comércio exterior brasileiro não deslancha, em parte, pelo excesso de zelo e burocracia dos órgãos fiscalizadores nas importações e exportações. A Folha de São Paulo de 15/01/2010, na coluna Dinheiro, trouxe a informação que o Brasil não avança mais os seus negócios internacionais por causa da Alfândega e dos procedimentos aduaneiros, segundo o ranking de logística elaborado pelo Banco Mundial.  O país está atrás de emergentes como China, África do Sul, Malásia e Turquia. Esse relatório mede a capacidade dos países de transportar bens, e conectar indústrias e consumidores aos mercados internacionais. E a eficácia da alfândega e de outros órgãos de controle de produtos e fronteiras, foi a variável negativa para o Brasil, que ficou 82º nessa avaliação, e em 41ª na posição geral. [epico_capture_sc id=”21329″] É bem verdade que do último relatório (2007) para este, o país avançou 20 posições, e na América Latina está à frente do México, Peru e Argentina.  Entretanto, muita coisa precisa ser mudada para o país assumir o papel de Global Trader e subir o valor percentual do total comercializado no mundo, que hoje não ultrapassa os 2%. A título de informação, no Brasil são necessários 5,5 dias, em média, para que uma mercadoria seja liberada.  No Chile, nosso vizinho mais avançado, apenas 1,3 dias, e em Hong Kong e Finlândia, apenas 24 horas.  Comparando o nosso país com outros, estamos na Idade da Pedra Lascada. Sabemos, também, que apenas melhorar e reduzir o processo burocrático alfandegário é muito pouco para nos tornarmos os melhores no quesito ‘logística’.  É preciso investir na qualidade da infraestrutura de transportes, na facilidade de embarques e na competência da indústria logística local precisam ser melhoradas. Mas, aumentar a produtividade nos serviços aduaneiros prestados pelas diversas autoridades envolvidas no comércio exterior no Brasil é vital ao crescimento do comércio. Precisamos, por exemplo, que a  Alfândega do Porto de Santos, a maior do país, não trabalhe apenas em horário comercial, enquanto todos os portos importantes do mundo funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana. Precisamos que a Alfândega Brasileira deixe de ser do tempo do Império e passe a ser da Sociedade da Informação, em que tudo segue à velocidade do bit/byte.

A estrela da economia brasileira na crise: a classe C

A declaração mais recente do presidente Lula foi um elogio e uma massagem ao ego aos que ele classifica como os mais pobres, considerando-os como sustentadores da economia brasileira neste período de crise mundial (para alguns analistas já estamos saindo dela). Atrás desta declaração existem outros fatores muito interessantes que de fato sustentaram a economia brasileira na crise mundial.  Dentre elas, a diminuição da carga tributária que teve como alvo o aquecimento da indústria e seus itens de consumo, em grande maioria, alvos de cobiça das classes C, D e E. Por exemplo, a diminuição do IPI para automóveis deu à classe C a oportunidade de consumo de carros antes só cobiçados. Foi um ponto a favor bem coordenado e que trouxe resultados que aqueceram a economia brasileira e abriram os olhos de alguns empresários a estes novos consumistas. Afinal, como se comporta a classe C diante dos seus sonhos de consumo? O artigo Para entender a classe C da revista Exame, demonstrou por meio de pesquisa, dois comportamentos distintos e bem definidos. São eles: o consumista e o planejador. São perfis opostos que atraem o interesse do mercado. Não se trata mais de oferecer por si só, mas como oferecer, o que oferecer e como fidelizar. Algumas empresas já demonstraram que a conhecem muito bem, como é o caso do ramo de varejo de produtos eletrodomésticos e eletrônicos – o melhor exemplo é as Casas Bahia. Sua dedicação, de fato, foi total para conhecê-los compra por compra. Hoje são reconhecidos por estes consumidores como uma forma de adquirir seus sonhos, mesmo que a prestações pequenas e a perder de vista. Um ponto a favor à imagem imaculada das Casas Bahia. Neste sentido, consumir para as classes C, D e E além de conquistar os sonhos de consumo aparentemente fora do seu orçamento, é principalmente preservar o nome perante o crédito. Mais um ponto a favor das Casas Bahia, por ter entendido isso há muito mais tempo que outros ramos do comércio. Oferece-se o sonho e a facilidade de tê-lo sem custar o nome no Serasa. Isso não significa que não existam casos de inadimplência. Sim, como parte do comércio eles existem e assim como se tem aprendido o comportamento de consumo da classe C perante uma compra, assim também se espera aprender mais como ela se comporta perante uma dívida. Comerciantes mais experientes sempre apostaram na honestidade dos indivíduos da classe C. A conclusão é que este é um período valioso de aprendizado no mercado para este novo e velho perfil consumista. Velho, porque ele sempre esteve presente mas não lhe era dada a atenção devida.

O Brasil deve retaliar a Argentina?

Após as eleições do legislativo na Argentina, chegou a hora do Brasil jogar duro com o país vizinho.  O principal motivo deste novo cenário é a substituição dos produtos brasileiros pelos chineses.  Claramente, as exportações do nosso país perdeu força para os hermanos, e os produtos asiáticos inundaram aquele mercado. Nos seis primeiros meses de 2009, estima-se que houve uma redução de 42,5% das vendas brasileiras para o principal parceiro do Mercosul, totalizando US$ 4,936 bilhões em vendas.  Uma queda expressiva. Há muito tempo em que a Argentina vinha dando sinais de que haveria protecionismo contra os produtos brasileiros.  Entretanto, em nome das boas relações comerciais com os membros do cone-sul e com o deliberado interesse brasileiro em liderar politicamente a América Latina, muitos desses abusos foram tolerados pela diplomacia brasileira.  Mas parece que este jogo está para mudar. [epico_capture_sc id=”21329″] Produtos como automóveis, autopeças, laticínios e alimentos entrarão no sistema de licenciamento não-automático das importações originadas da Argentina.  Um retrocesso burocrático, mas uma necessidade no atual cenário. Esta talvez seja a única mensagem que a presidente daquele país consegue entender. Para os importadores brasileiros, voltará uma nova exigência, a de autorizar o embarque com um pedido ao SECEX.  E este pedido pode levar até 60 dias para ser autorizado, conforme determina as regras da OMC. Na Argentina, este prazo não tem sido respeitado e as autorizações de embarque podem levar até 120 dias para serem deferidas. Porém, apesar de o governo brasileiro estar respaldados pela OMC, 60 dias é muito tempo para um mercado tão dinâmico como o brasileiro.  É um tempo muito grande para as necessidades de nosso mercado, e teremos de suprir esta demanda com os produtores nacionais, que nem sempre tem a mesma qualidade ou o mesmo preço. No fim das contas, quem pagará a ‘fatura’ desse jogo político será o consumidor brasileiro.  Ele terá de aceitar um prazo maior (e um custo maior) para ter o produto que precisa, ou então mudar de fornecedor, o que nem sempre é tão fácil.