A ganância da armazenagem de importação nos terminais do RJ
Cobrança de armazenagem de importação por dia e sem reajuste e revisões de tarifas. Pagar exatamente pelo serviço prestado e não ter que deixar de presente para o terminal 03, 04, 05, ou até mesmo, 06 dias pagos e sem uso. Mais uma batalha que se inicia. Cobranças por períodos cada vez menores e mais apertados resultando no pagamento de mais períodos, induzindo os usuários ao pagamento de mais armazenagens, e aumentos abusivos de tarifas, tudo isso sob a desculpa de que os importadores estão deixando as mercadorias nos terminais mais tempo do que deveriam e que, consequentemente, estão aumentando a taxa de ocupação dos terminais e prejudicando as operações portuárias, são as palavras de ordem dos terminais para justificar a verdadeira máquina caça-níqueis que é a armazenagem de importação. Em outras palavras, jogam a culpa nos usuários importadores, ignorando a lentidão dos órgãos anuentes, tudo isso de forma descarada, para aumentar seus ganhos ainda mais. Afirmam que ficarão mais eficientes com períodos mais curtos e com tarifas mais elevadas. Vejamos o caso da cobrança por período: Uma empresa que desembaraça sua mercadoria, e que sabe que pagará por dias não utilizados (serviços não prestados), no caso de não ter urgência na carga, aproveitará os dias que pagou, ou vai pagar mais fora do porto pelos mesmos dias? A verdade é que a cobrança de armazenagem por período é um estímulo a maior permanência das cargas nas dependências do porto. Os terminais sabem disso muito bem e usam esse fato contra os usuários para justificar aumentos de tarifas. Eles induzem o comportamento dos usuários através de cobranças por períodos e se valem desse comportamento natural de se aproveitar aquilo que se pagou para justificar perdas de direitos e aumento desregulados de tarifa. Qual empresa paga por 06, 05 ou 04 dias de armazenagem além do que deveria e não vai utilizar aquilo que pagou? É justo deixar 06, 05 ou 04 dias para trás pagos e gastar com armazenamento em outro local? Armazenagem é custo, seja em locais próprios, seja em locais de terceiros. Temos recebido relatos de usuários que estão testando terminais de outros estados e isso é preocupante, pois, além de estarem gostando da eficiência (que não se vê por aqui em todos os terminais), mesmo que quase triplicando a distância em alguns casos, estão conseguindo reduzir custos, pois pagam armazenagem por dia, que representa economia, principalmente em cargas com alto valor agregado. Estão pagando o justo. Esses mesmos usuários se comunicam muito e, em breve, veremos outros usuários testando e gostando. Aumenta o número de usuários, aumentam os volumes de cargas e fluxos logísticos são criados reduzindo, consequentemente, o transporte interno. Neste exato momento, os terminais ainda não devem estar preocupados. Todavia, deveriam, pois o horizonte é de mau tempo e o risco de naufrágio é iminente. Os usuários enxergam os portos do Rio de Janeiro como um poço sem fundo de problemas. Os três terminais daqui são caríssimos, cobram armazenagens por período e de forma bem similar. Recentemente, assistimos um dos terminais aumentando suas tarifas em até 490% afrontando leis, autoridades e usuários. Problemas operacionais diversos, reclamações. Esse é o panorama do Rio de janeiro e parece que não existe muita preocupação em mudar agora. Talvez, estejam esperando a fuga de cargas. [epico_capture_sc id=”21329″] A cobrança por período é injusta com os usuários e também com seus prestadores de serviços. Muitas vezes despachantes e transportadores são obrigados a suportar tais despesas, bastando um erro, por menor que seja, um fato isolado do qual ninguém está livre, para que os prejuízos dos prestadores se tornem rombos em suas finanças. Para quem a armazenagem por período é justa? Para o STJ – Superior Tribunal de Justiça, o justo é pagar por serviço prestado pelo dia que se utilizou o espaço (vide acórdão). Para o STJ, tudo que é cobrado além daquilo que ele decidiu é enriquecimento ilícito. Cabe salientar que STJ, talvez, não saiba que as cobranças são realizadas pelo CIF da carga, uma espécie de tributação que não poderia remunerar o espaço. Terminais gananciosos, que ainda não atingiram, em sua maioria, o nível de eficiência desejado e que são vistos de forma negativa pelos usuários é a realidade daqui. Precisamos de mudanças!
Terminal Libra Rio: Será que as mudanças serão positivas para os usuários? Devemos confiar?
Em 13 de dezembro de 2012 publicamos o artigo Terminal Libra Rio: por que o atendimento é tão ruim?. O artigo teve centenas de milhares de acessos no site que o publicou, assim como em outras mídias parceiras que o replicaram. Com efeito, no dia seguinte da publicação, recebemos um contato do Terminal Libra e agendamos uma reunião para o dia 18 de dezembro. Na reunião, estavam o Diretor Geral do terminal, o Gerente Comercial e o Gerente de Planejamento. Conversamos muito e tive a oportunidade de passar o sentimento de revolta das todas as pessoas que trabalham junto ao terminal e de ouvir que eles têm consciência dos problemas e que estão investindo centenas de milhões de reais em ampliação de cais, armazéns, equipamentos, etc. Bem, algumas mudanças significativas foram feitas de lá para cá. Com a publicação do artigo, muitos problemas chegaram até nós, alguns que, felizmente, não vivenciamos. Vendo a grande repercussão positiva do artigo, colocamos uma pessoa de inteira confiança, que trabalha diariamente no porto, para monitorar todas as ocorrências tanto do Terminal Libra, quanto da MULTI-RIO. Fizemos, então, um trabalho extremante profissional, o qual pode ser considerado parte importante de uma avaliação 360°, tomando sempre o cuidado de separar os casos isolados dos problemas que afetam aos usuários de uma maneira geral. Nesse sentido, durante todo esse período trocamos várias mensagens com Terminal Libra acerca dos diversos problemas que estávamos tratando e outros que chegavam até nós. Como fizemos questão de deixar claro no primeiro artigo, o Terminal Libra não tem problemas que giram em torno da qualificação e comprometimento de seus funcionários, pelo contrário. Fomos muito bem atendidos, tivemos os feedbacks necessários e ainda realizamos outra reunião no dia 25 março de 2013. Em última análise, imputamos as responsabilidades dos problemas na gestão do terminal. Afinal, para ser concessionária de serviço público uma empresa deve ter uma gestão que busque qualidade total, tendo o usuário como centro. O Terminal Libra tem dois problemas cruciais, quais sejam: A movimentação de cargas além da capacidade física e o seu sistema que, como dito anteriormente, é um “case” a ser estudado. Estes dois problemas são suficientes para instaurar o caos operacional que assistimos por diversas vezes, que acarretam outros tantos, impactando também no atendimento do SAC. Em outras palavras, receber cargas além da sua capacidade cria uma espécie de efeito dominó. Ora, trabalhando acima do que pode suportar o SAC do terminal, por exemplo, sempre terá um número insuficiente de profissionais para solucionar a crescente demanda de problemas. Todos os procedimentos, inclusive autorizações de desconto devem passar pelo sistema. Aí o sistema fica constantemente lento, ou fora do ar. A queda e a lentidão afetam o externo e interno. Tudo isso gera demora. Demora está relacionada ao tempo que a carga permanece no terminal, ao tempo de espera para carregamento. O tempo joga a favor do Terminal Libra. No final das contas, o terminal vê a sua receita crescer consideravelmente sobre a quantidade de operações propriamente ditas e sobre os prejuízos dos usuários, terminais externos, transportadoras, despachantes etc. Diante desse quadro desfavorável que, repita-se, é de ciência dos gestores do terminal, o Terminal Libra tem tomado medidas de forma a minimizar os problemas. O ato mais simples, de caráter compensatório, já vem sendo adotado pelo terminal há algum tempo. Quando faltam janelas para o carregamento, ou quando existe atraso operacional, por exemplo, o TERMINAL LIBRA tem estendido o período de armazenagem e aplicado descontos pelo tempo de atraso que causou. É importante o usuário e seus representantes legais ficarem atentos a este fato, de modo que não paguem quantias de forma desnecessária. Porém, ainda que compense financeiramente o usuário, isso não elimina as urgências e prazos contratuais para a entrega de mercadorias. Períodos de 07 dias ao invés de 10: grande revolta dos usuários Somos veementemente contra a cobrança de armazenagem por período, pelo fato de, eventualmente, ocorrerem pagamentos por serviços não prestados. Contudo, este não é o foco do artigo. O fato é que nunca entendemos os motivos que levaram a MULTI-RIO e o TERMINAL LIBRA a reduzirem o seus períodos de armazenagem de 10 (dez) para 07 (sete) dias. Notem que esses três dias são cruciais, pois conseguem cobrir domingos e feriados que são dias em que os dois terminais não operam externamente (entrega e recebimento de cargas). Nesse sentido, fizemos questão de perguntar a MULTIRIO o porquê dessa redução e eles disseram que, se os períodos de 10 dias estivessem sendo aplicado, o terminal, devido as obras de ampliação, entraria em colapso. Não conhecemos esta estatística da MULTI-RIO, porém, nos perguntamos se a redução do período diminuiu o tempo de desembaraço aduaneiro das mercadorias, modificou a legislação, ou aumentou o número de fiscais disponíveis. A mesma pergunta foi feita ao TERMINAL LIBRA, mas não recebemos resposta até agora. Posto isso, gostaríamos que os dois terminais apresentassem uma estatística no sentido de informar o percentual de clientes que conseguem desembaraçar as suas mercadorias em 07 (sete) dias corridos, no primeiro período, incluindo e destacando as descargas de navios ocorridas quintas e sextas. Com certeza esses números serão desfavoráveis aos usuários. Forma de cobrança de armazenagem: um problema grave detectado na MULTI-RIO Avaliando os diversos problemas que chegaram até nós, detectamos um muito grave e que, neste caso, não envolve o Terminal LIBRA. Refere-se à forma de cobrança de armazenagem da MULTI-RIO, pontualmente, no que se diz respeito ao inicio da contagem do período. A MULTI-RIO tem como marco inicial para cobrança de armazenagem o inicio da operação do navio como um todo, ou seja, isso quer dizer que, se um navio começa a operar às 23h59 minutos de um dia e a sua carga descarregou às 00h30 dia seguinte, por 31 minutos você perdeu um dia inteiro. Aí cabem perguntas: A armazenagem não é uma despesa por ocupação de espaço? De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade do porto começa a bordo do navio? A nossa opinião é a de que isso é
Terminal Libra Rio: por que o atendimento é tão ruim?
Desde quando assumi a diretoria comercial de uma transportadora rodoviária de cargas aqui do Rio de janeiro, decidi que teria uma gestão extremamente participativa nas operações da empresa. Vender serviço de transporte e logística é o mesmo que vender operação. Esta minha decisão, além de servir para melhorar as vendas em si, a partir do momento que estou apto a falar com mais propriedade sobre os aspectos técnicos operacionais, permitiu-me maior aproximação com os clientes, o que é excelente para consolidar cada vez mais os relacionamentos. Também não poderia deixar de mencionar que a minha proximidade com as operações, foi fato motivador para a equipe. A transportadora em que sou diretor tem mais de 70% das suas operações voltadas para os portos, principalmente do Rio de Janeiro, seja na importação, seja na exportação. Em maio deste ano (2012) assumimos 100% das operações de uma grande empresa importadora e comecei a frequentar cada vez mais o porto do Rio de janeiro, vivenciando as mais diversas situações, conhecendo diversos profissionais que trabalham nas transportadoras concorrentes e que ficam baseados no próprio porto recebendo o trabalho e executando as operações. Não posso deixar de mencionar que são pessoas, em sua maioria, sensacionais, sempre dispostos a ajudar. Ali, pude notar que a concorrência fica à margem e um ajuda o outro. Além dos profissionais das transportadoras, conheci diversos motoristas autônomos (carretreiros). São pessoas profissionais, em sua imensa maioria, pontualíssimas e que, dificilmente, deixarão você sem respaldo. Independente do tamanho da transportadora, de quão grande seja a sua frota, absolutamente todas, lançam mão desses profissionais. Quanto aos terminais do Porto do Rio de Janeiro, quando as operações transporte marítimo são em contêineres, basicamente, temos dois terminais atuantes, quais sejam: LIBRA Terminais e MULTIRIO. Aqui também vale um parêntese quanto aos profissionais que trabalham nestes dois terminais. São pessoas extremamente solícitas, que estão ali para somar, ou seja, profissionais experientes e competentes. No que se refere à MULTIRIO, a palavra que melhor definiria este terminal seria a eficiência. A MULTIRIO conseguiu unir seus bons profissionais a uma gestão pró usuário. Ali se consegue resolver rapidamente as mais diversas questões, pois o terminal buscou desburocratizar sua sistemática. Além disso, tem um horário de funcionamento mais extenso na importação e uma grande disponibilidade de janelas. Na MULTIRIO, por exemplo, no mesmo dia, é possível dar entrada na documentação para retirada de carga de importação, obter janelas e executar a operação. Em alguns casos, até na eventualidade de não comprimento de horário, é possível reagendar. O Sistema do terminal é bem rápido e funciona em ouros navegadores, além do Internet Explorer, tais como Mozilla Fire Fox e Google Chrome. A MULTIRIO parece ter um respeito maior pelos profissionais que atuam no porto, como alias deve ser a conduta de uma empresa concessionária de serviços públicos. Em outras palavras, cumpre nada mais do que a sua obrigação, o que, no Brasil, representa uma grande evolução. É obvio que ainda estamos longe dos terminais portuários dos países mais desenvolvidos, que existem alguns problemas, mas não tenho a ilusão de que 14 anos são suficientes mudar aquilo que, por séculos, foi vítima da má gestão do ente publico. Já no que se refere ao terminal da LIBRA, tenho severas criticas a fazer ao serviço prestado pela empresa. Enquanto na MULTIRIO consigo enxergar uma gestão pró usuário, na LIBRA vejo uma gestão que dá a sensação de ser contra o usuário e contra todos os profissionais atuantes no porto, até mesmo seus próprios funcionários que ficam na linha de frente, querendo ajudar, porém, sem êxito. Os funcionários da LIBRA jamais se negaram em ajudar e estão sempre dispostos a somar. O problema é o modelo de gestão do terminal, que prima pelo engessamento e pela burocratização e isso os impede de tomar quaisquer decisões positivas. Por exemplo, sempre que se necessita da autorização de um responsável, aí existe outro responsável que, em muitos casos, é de São Paulo e parece viver em reunião. O sistema da LIBRA pode ser considerado uma “case” a ser estudado. O sistema seria perfeito, não fosse sua lentidão ímpar, pelo fato de só funcionar no Internet Explorer e, praticamente, toda semana ficar fora do ar. Quando está fora do ar, o caos é instaurado. Filas imensas se formam no departamento onde se faz a liberação para saída das mercadorias. Em um dia de colapso desses, peguei um numero de senha de atendimento e verifiquei que tinham mais de 50 pessoas na minha frente. Nem preciso dizer que levei mais de três horas para ser atendido neste dia. Em dias de calor, a sala, que é pequena, vira uma sauna, pois, até o ar condicionado tem problemas. Outro problema gravíssimo é a escassez de janelas para retirada de cargas. A coisa começa a descambar a partir do momento que só se pode fazer agendamento 12 horas depois em que a liberação da carga é feita. Note que 12 horas depois, como as janelas vão até 19h, significa que a retirada da carga será agendada somente para o dia seguinte. Isso se existirem janelas disponiveis, sendo que as quintas, sextas e sábados (até às 11h) as janelas são consumidas com uma rapidez incrível. Parece que tem mais cargas no terminal que a sua capacidade suporta. A respeito do agendamento somente ser permitido para janelas 12 horas posteriores à liberação, isso cria outro problema. Por conta dos seus modos operantes, se um cliente precisa dar entrada na documentação no dia do vencimento da armazenagem, na LIBRA, fica automaticamente impedido, devendo pagar outro período. Note que o direito de dar entrada na documentação e retirar a carga no mesmo dia, ainda que no vencimento do período, é subtraído do importador. Ora, se o período de armazenagem é um prazo estipulado pelo terminal, uma prestação de serviços que é paga, o terminal precisa disponibilizar janelas, sem prejuízos aos importadores. Na MULTIRIO isso não acontece, pois, como foi dito acima, é possível dar entrada e retirar a carga no mesmo dia. Um breve