O AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante), contribuição de intervenção no domínio econômico criada pelo Decreto-Lei nº 2.404/87, sofreu profundas mudanças com a publicação da Medida Provisória nº 545/11.
O AFRMM, que em 2010 arrecadou mais de R$ 2,3 milhões, nunca teve os seus objetivos cumpridos. A premissa de fortalecer e criar robustez para as indústrias do transporte marítimo e de construção naval, se revelou ineficaz, uma vez que mesmo o Brasil sendo nação marítima, não se tornou uma potência na navegação.
E passado mais de 50 anos, o comércio exterior do Brasil ainda é dependente de frotas estrangeiras, que nas últimas décadas incorporou importantes companhias locais de navegação ao seu portifólio de empresas e negócios.
Agora, a MP traz as seguintes novidades:
- Ficará sobre a tutela da RFB todas as atividades de cobrança, fiscalização, arrecadação, rateio, restituição e concessão de incentivos do AFRMM;
- O AFRMM estará sujeito as normas relativas ao PAF (processo administrativo fiscal), a determinação e exigência de créditos e consultas;
- Terão os seus dados necessários ao controle de arrecadação disponibilizados para a RFB;
- Terão os seus débitos acrescidos pelos encargos previstos na Lei nº 9430/96, sendo assim passíveis de multa de até 75%;
- Não incidirá a TUM (Taxa de Utilização do MERCANTE) sobre as cargas de exportação e aquelas isentas do pagamento do AFRMM.
Na prática, assistiremos apenas a uma mudança de estrutura de cobrança, tirando uma importante arrecadação do Departamento de Marinha Mercante e passando para as mãos dos Auditores da RFB.
A tão aguardada extinção da cobrança ficará para depois. E ainda dependeremos da edição de um decreto e de normas complementares para que seus efeitos vigorem efetivamente.
Para finalizar, uma pergunta sem querer ofender: Como desde a criação do Sistema Mercante, o TUM é de R$ 21,10 (Tarifa+Utilização do Mercante), será que nas mãos da Receita teremos um aumento de 5,36 vezes, como aconteceu na Taxa de Utilização do Siscomex?
Tomara que não.
Correção: bilhões
Pequena correção: a arrecadação do AFRMM em 2010 foi de R$ 2,3 trilhões e não como consta na matéria.
Carlos, Não há dúvida que a intenção é mesmo de aumentar, ainda mais com a aprovação da PEC 29 o governo fará de tudo para arrecadar mais e nada mais lógico, tributar através da RFB. São os descalabros deste executivo e infelizmente ficamos mais uma vez sem a iniciativa do legislativo para coibir estas manobras.
Carlos, parabens pelos excelentes comentários. Entretanto, ainda que na prática tenhamos apenas uma mudança de estrutura, nota-se que a RFB passa a, cada vez mais, ter mais controle sobre as arrecadações devidas nas operações de Comércio Exterior.