O prazo para que as demais nações associadas à Organização Mundial do Comércio (OMC) reconheçam a China como economia de mercado terminou, mas EUA, União Europeia, Japão e outros países continuam a afirmar que o governo chinês continua interferindo na economia, praticando dumping, ou seja, colocando no mercado planetário produtos a preços subsidiados. A disputa aumenta os riscos de uma guerra comercial que, certamente, trará conseqüências para o Brasil e para o Mercosul.
Acontece, porém, que o Mercosul hoje, por problemas políticos internos, não tem condições de organizar uma reação consensual diante das atuais tendências globais, que não só incluem um possível boicote ao governo chinês como a formação de megablocos, que, obviamente, não contemplam os países do Cone Sul.
Por exemplo, nenhum membro do Mercosul integra o Tratado Transpacífico (TTP), que reúne cinco países do continente americano (EUA, Canadá, México, Peru e Chile), cinco asiáticos (Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura e Brunei) e dois da Oceania (Austrália e Nova Zelândia). Esse acordo, que abrange 11% da população mundial, 35% do Produto Interno Bruto (PIB) planetário e 25% do comércio global, pretende reduzir a zero mais de 90% das tarifas dos bens comercializados entre seus parceiros. Seu início está previsto para 2017.
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O Mercosul tampouco fez parte das negociações para a criação do TTIP (Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), que deveria abarcar, mesmo sem a participação da China, 75% do comércio de bens do planeta. Com o fracasso das negociações entre EUA e a União Europeia, o TTIP está sob compasso de espera, mas, por outro lado, o recuo estimulou uma tendência protecionista na Alemanha e na França, principalmente em relação ao setor agrícola, que pode afetar o Mercosul.
Em outras palavras: o Mercosul não tem participado da definição das regras comerciais a nível global, o que significa que está condenado futuramente a obedecer ao que os megablocos deverão decidir. Ao mesmo tempo, não conseguiu cumprir os preceitos básicos estabelecidos pelo Tratado de Assunção, em 1991, transformando-se em união aduaneira, a princípio, e em mercado comum, apesar dos acordos alcançados por Brasil e Argentina em alguns setores.
O que se espera é que o Mercosul, com a exclusão da Venezuela, que não cumpriu aquilo com o qual havia se comprometido no momento de sua adesão em 2012, alcance maior visibilidade, chegando a acordos com outros blocos, processo que pode ser iniciado com a conclusão do diálogo aberto com os países da Aliança do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia, México e Costa Rica), cujos números na área de comércio superam os do Mercosul. Infelizmente, porém, até agora, o que se tem visto é muita conversa. De resultados práticos, quase nada.
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