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Toda PME é capaz de exportar?

Não, nem toda PME (Pequena e Média Empresa) é capaz de exportar.

Só exporta quem realmente compreendeu as exigências do mercado internacional, quem tem produto diferenciado, quem considera a exportação como uma forma de desenvolver a própria empresa. Quem considera o mercado externo como uma saída para a crise, certamente não conseguirá se internacionalizar.

A exportação exige um grande compromisso com a continuidade de fornecimento, com a qualidade, com a inovação, com a seriedade comercial, com a pesquisa e com atitude de quem pensa a médio longo prazo.

É por isso que nem toda PME tem a capacidade exportadora, aqui entendida como a capacidade competitiva, para enfrentar o mercado externo.

Como não é toda PME que pode exportar, também não é todo setor que se presta da mesma forma à exportação.

Por exemplo, falando de PME, são mais propícios setores onde pode haver um grande conteúdo de desenho, incidência da mão de obra e pouco peso. Setores como joias, roupas de banho, bijuteria, artesanato, produtos étnicos em geral, acessórios para a moda, se enquadram perfeitamente, como potenciais exportadores para as PMEs.

Ao contrário, produtos onde tem pouco conteúdo de desenho (imagine bolsas em plástico ou em cartão), grande volume e peso significativo, trazem consigo um fator extra de complicação, seja pela concorrência de grandes empresas e pelo custo do transporte.

Por essa ótica, são passíveis de incentivos para a exportação dessa classe empresaria, produtos que levem um alto conteúdo de identidade, inovativos e que carreguem consigo a mensagem do “ser brasileiro”.

Enfim, mesmo com toda boa vontade e talento, muitas PMEs não conseguem superar as barreiras iniciais, como falta de recursos para a promoção, pesquisa, produção de volumes, acesso à consultoria etc. Nesse caso, é importante difundir a cultura do associacionismo, de trabalhar em conjunto, de aumentar o número de consórcios de promoção. Só assim poderemos colocar uma PME em condições de adquirir capacidade exportadora.

A nosso ver, falta intensificar à classe empresarial brasileira, a cultura da mudança, de como ele tem que encarar a grande oportunidade do mercado internacional. Falta também, mostrar como é possível, de una forma metódica, montar seu plano de internacionalização e o que precisa para se atingir o mercado externo. Para isso, insistimos que é preciso utilizar mais método e menos improvisação.

Nesse ponto, para criar uma cultura exportadora, é preciso utilizar os conceitos de engenharia de exportação.  Essa ‘prática’ trata de como preparar a empresa para a exportação, isto é, a formatação das varias atividades relativas à exportação. ´

Com ela, é possível trabalhar questões que vão desde a preparar uma empresa para participar de uma feira, até o processo de negociação com outra cultura, passando por elaboração de oferta e preparação de uma viagem.

A aplicação desse método consiste na avaliação do nível de capacidade competitiva da organização e no desenvolvimento das três áreas principais da exportação: competitividade da empresa, transferência do produto e gerência do mercado externo.

De forma prática, para transformar uma PME em uma PME Exportadora, é preciso utilizar-se das seguintes ferramentas:

  • Identificar uma ou mais entidades em que seja possível obter informações técnicas sobre a exportação;
  • Criar um banco de dados de informações, a partir das diversas fontes de informação disponíveis, entre eles Brazil Trade Net, Apex, Funcex, MRE, Sebrae, Rede Agentes, CIN, Portal do Exportador, entre tantos outros;
  • Identificar quais são as oportunidades concretas que a PME tem de enfrentar buscar o mercado externo;
  • Identificar, dentro da gama de produtos que realiza, quais os que possuem vantagens competitivas;
  • Elaborar uma documentação para divulgar a própria capacidade exportadora;
  • Identificar poucos mercados onde será possível realizar as primeiras experiências;
  • Avaliar qual a forma mais apropriada de entrar ao mercado (se com um agente, via internet, com um distribuidor).
  • Selecionar um parceiro, com quem se possa construir uma colaboração duradoura no mercado.
  • Elaborar um plano de trabalho, contendo preço, volume, embalagens, distribuição, comunicação, entre outros.
  • Iniciar com as primeiras amostras e posteriormente, iniciar os primeiros negócios.

Acreditamos, portanto, que existem excelentes oportunidades para fomentar o crescimento de PMEs exportadoras. Para isso, é preciso trazer ao centro do debate, temas como desenho, qualidade, criatividade, associacionismo e treinamento.

Nicola Minervini

Diretor da International Marketing Consulting, em Bérgamo/Itália, autor dos livros “O Exportador” e “Consórcios de Exportação: Como (não) fazê-los”.

Analista de Importação Profissional

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