Como na maioria dos portos brasileiros que operam contêineres, a situação dos portos capixabas não é das melhores. Uma pesquisa do Ranking dos Portos Brasileiros feita pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) indica que Vitória está entre os três piores portos do Brasil que trabalham neste segmento.
Apesar de o Espírito Santo ter o Porto de Tubarão, que está entre os melhores do país também segundo a pesquisa, oscilando entre 15,5 e 17 metros de calado e que opera granéis, a realidade da operação de carga conteineirizadas é bem diferente. Além da falta de investimentos em dragagem, ampliação, os portos daqui sofrem com as dificuldades de acesso terrestre, aumentando o tempo médio de espera dos navios.
Em outubro de 2008, o Governo do Estado tornou pública a proposta de construção de um “Super Porto” no complexo portuário de Tubarão e Praia Mole. A proposta foi destinada à movimentação de contêineres em águas profundas, e que quando implantado faria com Espírito Santo recebesse navios cargueiros de grande capacidade. Porém, muito tempo se passou e até agora nada de muito importante aconteceu.
Após lançado, as expectativas foram enormes em torno da nova realidade logística que se formava para este estado. Discutia-se que a partir do investimento, seria possível ter navios de contêineres que operam mais de 10 mil Teus, uma realidade praticamente impossível para toda a América Latina.
Mesmo com toda a grandiosidade do projeto, uma pergunta não podia deixar de ser feita: Por que abandonamos o projeto de Barra do Riacho e agora investir em algo novo, em um local que não se tem vocação natural para a operação de cargas em contêineres?
Como se sabe, o complexo portuário de Tubarão e Praia Mole é especializado em commodities e grãos, não em contêineres. E a construção do Terminal Público de Contêiner em Praia Mole já nasceria com grandes problemas do acesso viário.
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Mesmo com um caminho independente e o seu traçado passando entre os limites das áreas das duas empresas que mais embarcam por commodities por lá, Vale e ArcellorMittal, a ligação do Porto até a rodovia BR-101 não seria suficiente para o escoamento de toda a mercadoria operada no novo porto. Ou seja, há dúvidas se haveria realmente sinergia operacional.
Mas esta discussão da viabilidade ou não do projeto, não há dúvidas de que o Espírito Santo realmente deva entrar na movimentação de contêineres. Todos os capixabas sabem que os seus portos de contêineres já estão operando acima do limite há décadas e não há possibilidade de crescer no segmento de comércio exterior sem que haja, de forma descente, investimentos em infraestrutura. Anunciar que este ou aquele porto receberá dragagem ou a compra de novos equipamentos não é suficiente.
É preciso que além do investimento em máquinas, portêineres, empilhadeiras e outros mecanismos eficazes de operação, que o acesso ao porto seja eficiente e que o número de horas de operação de um navio seja reduzido.
Os gargalos que os portos capixabas enfrentam já são conhecidos e atrapalham o desenvolvimento das empresas locais e daquelas que operam nos portos do estado. Há diversos estudos demonstrando que o gasto com logística no Brasil é alto, chegando a atingir 11,7% do PIB. Com este custo, perdemos competitividade na soja, açúcar, no etanol e outros produtos ligados ao agronegócio e que poderia ser exportados por Vitória.
E este alto custo com logística também é sentido no Espírito Santo. O baixo nível de serviço oferecido pelo único terminal especializado em contêiner é latente e se traduz em ineficiência as empresas que exportam por aqui, principalmente o setor de rochas ornamentais. Vários exportadores perdem embarques porque simplesmente não consegue colocar seus produtos para dentro do porto antes do prazo estipulado pelas companhias, os chamados dead lines. E o motivo? Falta de espaço no porto para receber os contêineres a tempo de cumprirem o rito burocrático imposto pelas autoridades aduaneiras.
O futuro do comércio exterior capixaba depende de um novo porto. Mas este futuro não pode ficar apenas no papel como está projeto do superporto de águas profundas para contêineres.
Realmente a administração pública não conseguiu vislumbrar que a construção de um super porto de aguas profundas vai ser benéfico para os negócios capixabas.
O planejamento estratégico do estado está atrelado apenas a questão do pré-sal mais não se atentaram ao fato do governo federal poder conceder os royalties para os estados não produtores, falta infra-estrutura no setor de rochas ornamentais e apoio as micro e pequenas empresas, mais a menina menina dos olhos não são estes.
Resta apenas aguardar se haverá um plano B.