Nos dias atuais, discutir se devemos ou não ter uma estrutura portuária adequada aos padrões globais pode até parecer sem sentido.
Porém, percebemos que Governo Federal, Estadual e Municipal tem avançado muito pouco nesta discussão, mesmo a necessidade sendo óbvia e latente. O exemplo mais claro vem do Porto de Santos/SP e do Porto de Vitória/ES.
O maior porto da América Latina, com volumes estimados para 90 milhões de toneladas para 2010, sofre com a falta de ampliação há tempos, e só recentemente recebeu a promessa de investimentos da ordem de 5 bilhões de dólares.
Quando isto acontecer, Santos será o primeiro Hub Port do país, especializado em contêiner do país, chegando a movimentar mais de 230 milhões de toneladas, algo próximo ao que o porto de Hong Kong movimenta hoje. Hong Kong é um dos maiores terminais de carga do mundo, mesmo estando em uma pequena ilha administrada pela China.
Para a capital do Espírito Santo, desde 2008 vem se discutindo o projeto do superporto de águas profundas para contêineres. Com o novo terminal, a movimentação TEUs saltará de 300 mil/ano para 1,2 milhão/ano. Somados aos empregos diretos e indiretos, impostos arrecadados e os efeitos da economia, trata-se do maior investimento feito nas últimas décadas no Estado.
Nem no Brasil e tão pouco na América Latina há portos para a movimentação desta quantidade de mercadorias, como Santos e Vitória depois dos investimentos feitos. Mas o que é importante, ainda fica no plano teórico e sem qualquer avanço político ou prático. Prova disso é que recentemente a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) deu novo tom a este debate ao afirmar que o Decreto 6.620 fecha o Brasil para a iniciativa privada para a construção de novos portos.
Na opinião da senadora, paga-se 200 milhões de dólares/hora por navio de fertilizando que está parado à espera de atração, por conta da ineficiência operacional dos portos públicos. Mas o regime de concessão de portos, o arrendamento e a autorização de instalações portuárias marítimas não avançaram e o Decreto só veio para atrapalhar.
Situações como esta, em que a intervenção governamental não é para ajudar, e sim para piorar a administração arcaica, incompetente e ineficaz, atrapalha o desenvolvimento econômico do país. Porém, algumas alternativas precisam ser enaltecidas, como é o Porto de Suape/PE.
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Melhor porto público do Brasil, segundo pesquisa do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) junto aos operadores portuários, que obteve nota 7,8, enquanto Vitória obteve 6,5 (terceiro pior porto) e Santos/SP 6,5 (segundo pior), os pernambucanos estão fazendo diferente e melhor, mesmo sendo uma administração pública.
Entre 2008/2009, Pernambuco investiu, com dinheiro público, R$1,3 bi no porto. A máxima de que o governo precisa dar a infraestrutura necessária é mantra entre as autoridades portuária daquele estado.
Pensando nisto, e na boa competência da administração de Suape, uma comitiva de políticos e de autoridades capixabas conheceu o melhor porto do país e o que eles podem ensinar.
Viram que questões como dragagem, canal de acesso, estradas, falta de planejamento, licenças ambientais, e outros pontos que atrapalham o investimento privado, são discutidas e resolvidas com a sinergia dos poderes público e privado. Mais de 70 empresas já estão instaladas ou em fase de instalação no porto, inclusive a Petrobrás com a refinaria Brasil/Venezuela Abreu e Lima.
As autoridades portuárias de Vitória e de Santos precisavam fazer um curso intensivo em Suape. Precisavam entender o motivo de em tão pouco tempo, um porto saiu do papel, foi instalado, colocado em funcionamento, deu toda a segurança jurídica aos investidores e empresários e trouxe crescimento para a economia pernambucana e do Brasil.
Somente com um planejamento estruturado, em que administradores públicos pensam com a cabeça da iniciativa privada, é que se transforma a logística portuária em eficiente, eficaz e inteligente.
Suape já faz isto.
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