O transporte e a estocagem são tão velhos quanto o próprio comércio. A logística como a conhecemos, por outro lado, teve suas origens junto aos militares. Ainda no século XIX a logística no contexto militar era definida como a arte prática de movimentar exércitos.
Apesar do papel central junto aos exércitos, a logística demorou mais para entrar no mundo empresarial. Foi graças ao motor a vapor (século XVIII) e principalmente às redes ferroviárias (século XIX) que o transporte passou a cobrir uma distância considerável em pouco tempo, o que tornou possível movimentar de maneira barata os bens de consumo por milhares de quilômetros.
Depois, com a linha de montagem (da qual o carro Ford T é um exemplo célebre) foi possível organizar melhor uma rede de suprimentos para atender às demandas específicas. A produção em massa estimulou a pesquisa em outras áreas, como nos problemas de gestão. Dois destes problemas são o Lote Econômico de Compras e o Lote Econômico de Produção, estudados naquela época mas que são atuais ainda hoje.
Evolução e conceito da logística empresarial
A logística industrial cresceu durante o século XX. Naquela época, ainda falava-se em “distribuição física”, um assunto que era ligado tanto ao marketing quanto à logística.
Imagine que já era importante para gerenciar a distribuição de produtos agrícolas, uma vez que os centros urbanos distanciavam-se cada vez mais dos locais de produção de alimentos.
Muito falava-se sobre os custos logísticos, mas ninguém discutia a relação entre eles (custos de armazenagem, de estoques, de transportes…). Pouco entendia-se desta relação, pois faltavam ferramentas quantitativas para analisar as questões que ligavam cada um destes custos. Esta situação mudaria logo, mais uma vez graças aos militares.
Pouco antes da Segunda Guerra Mundial, um grupo multidisciplinar se formou na Inglaterra para desenvolver os radares. Este grupo de pesquisadores fazia uma “pesquisa sobre as operações”, que serviu para ajudar os aliados a planejar os ataques contra os submarinos alemães, proteger os navios e aumentar a precisão dos bombardeios. Essa “pesquisa sobre as operações” era o início da pesquisa operacional.
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De maneira geral, a pesquisa operacional consiste na aplicação de métodos científicos para resolver problemas de decisão complexos baseando-se na gestão de sistemas de grande porte. Após o fim da guerra, os esforços para a melhoria da logística militar por meio da pesquisa operacional estavam bem avançados.
Foi neste contexto que George B. Dantzig desenvolveu o método simplex que permite resolver de maneira eficaz programas lineares e que é a base de muitos algoritmos de otimização utilizados até hoje (como por exemplo a ferramenta Solver que existe dentro do MS Excel).
Na mesma época, o primeiro computador digital de uso geral entrava em funcionamento – o ENIAC – que foi logo seguido pelo SEAC, que resolvia em um dia problemas de aproximadamente 75 variáveis e 50 restrições, algo bem modesto quando comparado aos milhões de variáveis e restrições que compõem os modelos que resolvemos frequentemente hoje em dia.
Durante os anos 50, começaram os estudos sobre como as ferramentas e técnicas militares poderiam ajudar o mundo empresarial. Na logística, foram logo identificados vários problemas que poderiam ser resolvidos com auxílio da pesquisa operacional.
A localização de armazéns e de centros de distribuições, o planejamento de transportes, a gestão dos estoques, a previsão da demanda e muitos outros problemas ligados ao fornecimento, à produção e à distribuição eram semelhantes aos problemas resolvidos no contexto militar.
Com a chegada dos computadores nas empresas, foi possível acumular informações sobre a produção, o nível de estoques e a movimentação entre diferentes instalações, armazéns e pontos de venda. Durante os anos 60 apareceram os primeiros sistemas informatizados de planejamento de necessidades de materiais (MRP na sigla em inglês).
Alguns já viam uma revolução que levaria ao tratamento automatizado dos problemas de decisão com apoio de ferramentas quantitativas. Este entusiasmo, apesar de ter fundamento, era um pouco prematuro.
Os computadores daquela época, apesar do tamanho, tinham capacidade de processamento bastante limitada. Além disso, os sistemas desenvolvidos eram bons individualmente (como para a gestão de estoques, para o transporte ou para a localização de novas instalações), mas falhavam por não considerar as relações entre cada parte do grande sistema empresarial. Mas isso é assunto para o próximo artigo!
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