Os despachantes aduaneiros, assim como todo o mercado e a economia mundial, estão em compasso de espera. A cada dia, a cotação do dólar revela uma surpresa e isso pode representar algumas centenas de milhares em diferença de impostos para o importador, já que os tributos são pagos pela taxa oficial diária, ditada pela Receita Federal do Brasil. Então, não se sabe, ainda, para onde esta crise irá. Mas, certamente, ela afetará a balança comercial no próximo ano e será um momento de muita dificuldade para os negócios de importação e exportação.
A expectativa do despachante Carlos Araújo é de que o dólar se estabilize e a economia volte a crescer. Segundo Araújo, é possível constatar que os mercados americano, europeu e o asiático já estão em crise e os negócios da pauta brasileira de exportação certamente serão afetados.
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O Brasil é dependente, explica o despachante, desses três mercados, principalmente dos Estados Unidos e da China. Por outro lado, para a importação, não se pode dizer que a melhor cotação para o dólar seja R$ 1,60, R$ 1,90 ou R$ 2,10. É preciso ter uma taxa estável, como foi até o começo do segundo semestre, “porque sem esta estabilização, os importadores não poderão fixar os seus preços, e toda a cadeia será prejudicada”.
Araújo observa que não existem estatísticas oficiais e tão pouco informações precisas para serem divulgadas. “Nos meus negócios, todos os clientes estão com cargas paradas no porto e nacionalizando, apenas, aquilo que é essencial, como matéria- prima, remédio, medicamentos ou produtos que necessitem ser entregues por força de contrato. Todos estão próximos da sua capacidade operacional e, certamente, chegará um momento em que não poderão mais receber mercadorias”. Esta queda já é visível no Terminal de Vila Velha (porto que opera contêineres no Espírito Santo) e nos terminais de zona secundária.
Em recente entrevista concedida ao PortoGente, o engenheiro e diretor comercial da Interface Engenharia Aduaneira, Fábio Campos Fatalla, também indicou que a maior parte dos empresários do ramo está em compasso de espera. “Quando acontece um problema com as empresas, nós sentimos de imediato. Assim, posso dizer que os projetos que estavam andando não pararam e nem diminuíram. Mas comecei a sentir, não uma queda, mas um certo compasso de espera para ver o que vai acontecer com a economia.
Todas as previsões feitas até agora deram errado e o despachante deve estar preparado para enfrentar esta crise, junto com os seus clientes importadores e exportadores. No passado, esse profissional limitava-se à liberação de cargas nos portos e aeroportos. Atualmente, com o mundo globalizado e com o crescimento contínuo das operações de comércio exterior no Brasil, esse profissional deverá ter fluência em mais de um idioma, ter conhecimentos sólidos de planejamento e de custos, além de trabalhar com uma visão sistêmica. Enfim, atuar como um consultor para operações aduaneiras.
O profissional
O despachante aduaneiro é um profissional que representa os importadores, exportadores, transportadores e armazéns alfandegados perante os diversos órgãos intervenientes governamentais e entidades comerciais, nos procedimentos aduaneiros, fiscais, tributários, logísticos e comerciais. Eles são responsáveis pela liberação aduaneira da carga importada ou exportada. Esta profissão teve início nos tempos do Império e, atualmente, é regida pelo Decreto nº 646/92. O profissional que trabalha com o despacho aduaneiro desempenha, cada vez mais, papel fundamental nos negócios internacionais. Ele tem atuação desde o planejamento até a conclusão da importação ou exportação, lidando com aspectos normativos, fiscais, financeiros e logísticos da operação.
A burocracia dos procedimentos legais aduaneiros e a falta de estrutura logística, como estradas, rotas de navios e apenas um terminal para operação de contêineres (e que já se encontra no limite da sua capacidade), certamente estão entre os principais entraves para as importações e exportações no Espírito Santo e isso se reflete nos serviços do despachante aduaneiro. No estado capixaba, são cerca de 200 despachantes aduaneiros sindicalizados e atuando no segmento.
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